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10,48 por cento, diz Governo: Números da adesão à greve na Administração Central contestados

greveNão é fenómeno novo: os números da adesão à greve na Administração Central nunca batem certo, com os sindicatos e o Governo a apresentarem dados que não coincidem. A UGT fala em 50 por cento de grevistas e considera que os 3,6 por cento (12 800 trabalhadores) apontados pelo Governo são “irreais” e “ridículos”. Mais tarde, o executivo atualizou os dados, elevando a fasquia aos 10,48 por cento (43 592 trabalhadores).

A União Geral de Trabalhadores (UGT) contestou de forma dura os primeiros números fornecidos pelo Governo, relativos à greve da Administração Pública, que decorreu durante esta quinta-feira, em todo o país.

O Governo começou por apontar 3,6 por cento de grevistas no setor da Administração Central. Porém, mais tarde, atualizou esse número para 10,5 por cento. A UGT contrapõe e, em comunicado, apresenta os seus números.

Este sindicato utiliza como exemplo o caso das universidades, que segundo dados do executivo governativo assinalaram uma adesão nula. No entanto, indica a UGT, no caso dos Serviços Sociais da Universidade de Coimbra, verificou-se que metade dos trabalhadores aderiu à paralisação, o que constitui uma prova de que os dados do Governo são “ridículos”.

“Os mapas publicados no site da Direção-geral da Administração e do Emprego Público, apontando para uma média de adesão de 3,6 por cento, são completamente irreais, descredibilizando o Governo”, refere a nota do sindicato liderado por João Proença.

Segundo essa nota, a maioria governativa “empurra-se a si própria para o campo do ridículo, da incompetência e da irresponsabilidade”, ao indicar números “completamente irreais”, na análise à adesão à greve geral, convocada pela UGT e pela CGTP. As duas centrais sindicais garantem que a iniciativa registou “uma forte adesão”.

Segundo as primeiras estatísticas do executivo, houve menos de quatro por cento de grevistas, com os funcionários públicos a ignorarem o protesto, desde os institutos às universidades, passando por hospitais, ministérios e outros serviços.

O site oficial da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) revelava, ao final da manhã, que apenas 12 800 trabalhadores de um universo total de 355 305 aderiram à greve, o que corresponde a 3,6 por cento. Mais tarde, esse número foi atualizado e cifrou-se nos 10,5 pontos percentuais (43 592 trabalhadores).

E 3,6 por cento contrastam com as perspetivas de Bettencourt Picanço, do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado: 80 por cento, em toda a Administração Central, incluindo autarquias locais, governos regionais e o setor empresarial do Estado. Recorde-se que em maio, na última greve geral, esta fonte apresentava uma adesão de 0,13 por cento de trabalhadores. E em ação idêntica em novembro de 2010, indicava 28,61 por cento de funcionários públicos em protesto.

Também a Federação Nacional da Educação (FNE) e a Federação Nacional de Professores (Fenprof) contestam os dados da DGAEP, numa análise àquele setor em particular. A FNE diz que os números do Governo não correspondem à verdade, já que cerca de 170 escolas estiveram sem aulas. Por seu turno, a Fenprof realçou um “forte impacto” da ação de protesto em particular no ensino público superior.

CGTP e UGT chamaram os trabalhadores para um megaprotesto, que paralisou alguns serviços. Esta greve surge como reação às medidas duras de austeridade, aplicadas pelo Governo, na proposta de Orçamento de Estado para 2012.

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