Vídeos: Debate com Soares e Cunhal ocorreu há quatro décadas

Por Redação

06 Novembro 2015 - 14:27

A 6 de novembro de 1975, Mário Soares e Álvaro Cunhal, secretários-gerais do PS e do PCP, respetivamente, protagonizavam um histórico debate, moderado por Joaquim Letria e José Megre. Completam-se hoje 40 anos do debate do “olhe que não, olhe que não”. Veja os vídeos.

O que mudou em 40 anos de debates televisivos? Nada como recuar ao passado, no dia em que se assinalam quatro décadas desde o frente a frente com Mário Soares e Álvaro Cunhal.

É considerado o debate dos debates. A democracia fora conquistada poucos meses antes e Soares e Cunhal eram dois dos grandes protagonistas da vitória da liberdade.

PS e PCP revelavam já uma total incapacidade para encontrar “um entendimento político minimamente operacional”, como dizia, logo na abertura da discussão.

Há quatro décadas, o País enfrentava o mesmo cenário. Os socialistas eram um partido de poder que enfrentava grande dificuldade para lidar com a “hostilidade” – mais uma vez a palavra certa de Joaquim Letria – dos comunistas.

Na RTP, num tempo em que os moderadores fumavam na televisão, abordava-se uma realidade exatamente igual à de hoje.

Os “indiferentes”, os “desapontados” eram um grupo em ascensão, dada a incapacidade política para se caminhar, na democracia, com governos estáveis. Joaquim Letria chamava a atenção para os “contra-revolucionários”.

O que mudou em Portugal nos últimos 40 anos? Uma curiosidade histórica. PS e PCP, os partidos de Mário Soares e Álvaro Cunhal, estão em vias de assinar um acordo para governação, com António Costa e Jerónimo de Sousa a criarem uma plataforma que há quatro décadas não se conseguia.

Curioso. Soares falava então de um PCP “com um pé no Governo e outro fora do Governo”. O que dizemos hoje do mesmo partido?

Cunhal falava dos grupos poderosos, dos “interesses das classes privilegiadas”. Apontava o dedo à política de direita e era a voz da classe operária. O que mudou?

O PCP apoiava um Governo, mas lutava contra o que “não estava certo”. “A presença de membros do partido no Governo é útil aos interesses do novo povo”, dizia Cunhal, que prometia deixar o executivo se as políticas de esquerda não fossem aplicadas.