Um adolescente decidiu amputar a própria mão, depois de ser acusado de blasfémia, no Paquistão. E tudo por culpa de um mal-entendido, numa celebração de Maomé. Mesmo assim, o rapaz não se arrepende. A BBC entrevistou-o. Veja o vídeo.
Rapaz de 15 anos decidiu amputar a mão direita, depois de um incidente ocorrido numa mesquita.
Na celebração a Maomé, numa mesquita situada na província de Punjab, na região leste paquistanesa, um clérigo fez algumas perguntas aos presentes.
“Quem crê em Maomé?”, questionou. E os presentes levantaram as mãos. O clérigo faz uma nova pergunta: “E quem não acredita nos ensinamentos do santo profeta?”.
O adolescente percebeu mal a pergunta e levantou a mão, por engano.
Imediatamente o clérigo vociferou contra o rapaz. As pessoas que estavam na mesquita (cerca de 100) também reprovaram o ato, sendo que o menor foi acusado de blasfémia.
Envergonhado e com sentimento de culpa, o rapaz decidiu penitenciar-se e cortou a mão direita. Foi doloroso, mas o sentimento de culpa era superior e, por isso, revela em entrevista à BBC que não está arrependido.
“Quando levantei a mão direita sem querer, percebi que tinha cometido uma blasfémia e que tinha de pagar por esse erro”, revelou, em entrevista àquele canal.
Com este ato de autopunição, o rapaz transformou-se em vítima, na sua comunidade.
E o dedo acusador está agora apontado na direção do clérigo, que é acusado de incitamento à violência, extremismo e fanatismo religioso. Está preso, ao abrigo das leis antiterrorismo do Paquistão.
A aldeia do adolescente é alvo de verdadeiras peregrinações, por parte de pessoas que querem conhecer o jovem que cortou a mão.
A história também cativou a imprensa internacional. Iram Abbasi foi a primeira jornalista a entrevistar o rapaz.
A repórter da BBC revela, na sua conta no Twitter, que este foi o trabalho “mais perturbador” da sua carreira”.
Veja a entrevista e, em baixo, o tweet de Abbasi.
Most horrifying story I've covered so far! Disturbing!
BBC News – The boy accused of blasphemy who cut off his hand https://t.co/uPrKZBukST— Iram Abbasi (@iramabbasi) 19 de janeiro de 2016