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Um embrião já é filho de Deus

Tenho uma vida comum a muitos de nós, sou mulher, mãe, divorciada, licenciada e sem emprego nos moldes que a sociedade exige. Não habito numa redoma de protecção e luto diariamente para fazer frente a todas as provações a que sou exposta pelas características referidas anteriormente. Também sei o que é sofrer tendo em conta que alimentava os meus dias na esperança da realização de sonhos que não passavam de verdadeiras histórias de encantar encenadas pela inocência da criança que ainda vivia em mim. Hoje, mais desperta pela aprendizagem da vida consigo mais pacientemente aceitar, que nem sempre, ou quase nunca, a vida é como desejaria que fosse. Durante o percurso sempre me são dadas duas escolhas, sorrir ou resmungar. Opto sempre pelo sorriso, quem não o faria? Mesmo que por vezes ainda fraqueje pela condição de humana.

Com esta breve introdução pretendo que me vejam realmente como um Ser comum onde passei e passo por muitas realidades de verdadeira revolta e que o meu coração insiste sempre em observar e reflectir com os desígnios de Deus. E desta forma a Paz ganha a dimensão pretendida, a Fé e a Esperança são resgatadas e instantaneamente o trabalho de perdão e aceitação em Amor está ao comando. O ego, os sentidos e o físico aninham-se perante a grande força que nos envolve e nos resgata para a serenidade.

Por mais difícil que seja aceitar a maior das fatalidades que nos possam suceder, como uma doença terminal, o desemprego, a morte de um familiar ou amigo próximo, a violação de um filho e por aí fora, tudo são ferramentas para a aprendizagem. Quem é que aprende sem sofrimento? Aqueles que escolheram o caminho para se unirem a Deus serão expostos a estas provas. Só assim lá chegaremos, com muita dor no percurso para atingir a libertação.

Com estas palavras deixo esta reflexão, “Quem somos nós, Homens, para propôr a resolução de um crime com outro crime?” Uma criança de 12 anos é violentada e fruto dessa acção um novo Ser se prepara para vir a este mundo. E em vez de a protegermos resgatando ainda a pouca inocência que possa existir no seu interior sugerimos a morte da alma que se desenvolve dentro de si. É uma menina de 12 anos e nós mulheres que já tivemos esta idade sabemos que o instinto maternal já lá estava, obviamente com a imaturidade própria da idade onde não está desenvolvida a responsabilidade de criar um bébé. Mas concerteza o puro Amor existe e só nós adultos cheios de poder é que podemos acabar com a pouca inocência que ainda habita no interior desta criança arrancando-lhe o filho de dentro de si porque achamos que desta forma vamos apagar da memória desta menina o acto bárbaro que já foi realizado pelo padrasto. Quantas crianças com esta idade engravidam em condições semelhantes? Muitas por esse mundo fora… Se fossemos dar ordem para matar todos os fetos passaríamos a ser verdadeiros assassinos de massas com a particularidade que mesmo sendo um embrião já é filho de Deus. Acham que as mulheres que não conseguem ter filhos é por acaso? Acham que esta criança engravidou por acaso? Claro que não! Este Universo que habitamos é mágico e perfeito, é nele que temos a oportunidade de evoluir. E esta Alma sabe que assim é como todas aquelas que vivem agregadas a um corpo físico, mas que por variadíssimas fraquezas não conseguem ver a verdade do que tudo isto é. Esta Alma atraiu aquilo que precisa para crescer na direcção ao Amor, assim como a Alma que a escolheu para se formar dentro dela, para desta forma ter também a oportunidade de aprender… E nós Homens adultos cheios de moralismos passamos por cima da fluidez natural e manobramos conforme a nossa consciência. Se estamos indignados, revoltados com este caso, devemos sim ajudar, mas com o coração aberto…. Apoiando, dirigindo esta família para as entidades competentes, como aquelas que apoiam mães solteiras e menores de idade. Concerteza têm toda a capacidade de aconselhar, ajudar, educar, resumindo Amar, assim deveria ser.

Isto de sermos contra o aborto só em determinadas situações não faz qualquer sentido.

E sim já me coloquei no lugar dos familiares desta menina, não passei por um momento igual mas um dos meus filhos já foi alvo de pedofilia com contornos muito menos graves mas já deu para sentir a revolta do que uma situação destas nos pode causar. Só encontrei uma solução, passei o caso para as autoridades competentes e continuo com cada vez mais Amor a explicar a esta criança (também ela com 12 anos) que a vida é sinónimo de aprendizagem e com isto dar-lhe a conhecer o lado positivo do que ele passou. Não lhe mostrei o lado violento mas sim o Amor, pedindo-lhe para fazer o trabalho de perdão a uma Alma que mais não sabe e que também caminha na mesma direcção que todos nós.

Observar, sem julgar, sem querer comandar a fluidez do que sucede é a verdadeira tarefa a que sabiamente e pacientemente nos devemos obrigar a exercer. Nada neste mundo acontece por acaso, tudo é controlado por uma força maior… O sofrimento só será relativizado quando tivermos a humildade de abrir o coração para logo encerrá-lo em Deus.

Que a Paz reine nos vossos corações,

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