Sócrates volta a comparar-se a Lula da Silva
A prisão de Lula da Silva serviu de pretexto para José Sócrates voltar a atacar a alegada politização da justiça. “Violência política”, detalhou o ex-governante e arguido no processo Operação Marquês.
Sócrates nunca escondeu a amizade que tem pelo ex-Presidente do Brasil, para além de uma forte afinidade política. A detenção de Lula, que no sábado à noite se apresentou para cumprir a pena de 12 anos e um mês de prisão, levou o antigo primeiro-ministro português a abordar os casos judiciais que são… políticos.
“Na verdade, nada disto tem a ver com direito, mas com política, ou melhor dito, com violência política”, frisou Sócrates, num comunicado que divulgou nas redes sociais.
E os culpados de um “golpe” que apanhou também Dilma Rousseff, destituída da Presidência do Brasil, foram rapidamente identificados.
“Não começou agora. O objetivo do golpe político nunca foi só tirar Dilma do poder, mas tirar Lula da galeria dos Presidentes. O que a direita política brasileira nunca tolerou foi conviver com a memória do melhor e mais improvável Presidente do Brasil democrático”.
Acusado de corrupção no processo Operação Marquês e envolvido na polémica da licenciatura tirada ao domingo, José Sócrates insinuou um paralelismo com o caso que levou Lula da Silva à prisão.
“Ele, o atrevido sindicalista sem diploma, só pode ficar para a história como criminoso – o novo punhal de Brutus é a acusação de corrupção”.
“Ódio e escalada: primeiro, o impeachment agora, a prisão”, continuou.
“Eis o que vemos no Brasil: um regime completamente desmoralizado, sem parlamento, sem governo, sem política, sem autoridade”, condenou José Sócrates.
O comentário ao “primeiro dia” da prisão de Lula da Silva fechou com uma demonstração de confiança na inocência do ex-Presidente do Brasil.
“Não, não me parece que seja o fim da linha”, salientou Sócrates: “A força popular de Lula da Silva é coisa demasiado singular para ser imputável à cegueira do povo”.