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A religião e a fé úteis no tratamento psiquiátrico?

Se for ao médico psiquiatra, não irá receber como prescrição rezar, ou recorrer à fé. Mas uma recomendação da Associação Mundial de Psiquiatria aponta que a religião e a espiritualidade podem ser ferramentas fundamentais no ensino, investigação e práticas clínicas, em problemas do foro psiquiátrico ou psicológico. Mas há quem defenda o contrário.

A saúde mental pode ter ligação ao envolvimento religioso, na crença e no hábito de visitar, por exemplo, uma igreja.

A Associação Mundial de Psiquiatria aprovou um documento onde destaca a importância de a religião, a fé e a espiritualidade serem incluídas nas ferramentas clínicas da psiquiatria.

De acordo com aquela associação, existe uma ligação bem evidente entre a espiritualidade – desde a simples crença, ou a ida recorrente a uma instituição religiosa – e o bem-estar psíquico.

As pessoas que mais podem sentir este impacto benéfico são aquelas que enfrentam problemas mais simples (stress, por exemplo), mas que podem conduzir a uma depressão. Os idosos e as pessoas que enfrentam a solidão também podem encontrar na espiritualidade um porto de abrigo.

Com esta posição, a Associação Mundial de Psiquiatria não está, obviamente, a considerar que um médico deve acreditar em Deus, ou a fazer a apologia de qualquer religião como modo de tratamento daquelas patologias.

Mas pode, isso sim, utilizar essa crença do paciente para combater efeitos psicológicos de diferentes problemas – como uma perda de um ente querido, ou a depressão.

“Três estudos indicam que, após controlo de variáveis como o estado de saúde da pessoa e a frequência de espaços religiosos esteve associada a um aumento médio 37 por cento na probabilidade de sobrevida em doenças como o cancro”, destaca a associação. Agora, é necessário perceber como ocorre este processo.

Uma pesquisa publicada na revista “Cancer”, da Sociedade Norte-Americana de Cancro, que contou com 44 mil pessoas, concluiu também que a espiritualidade e a religiosidade são os aspetos que mais benefícios para a saúde física e mental trazem aos pacientes com aquela doença.

Há, no entanto, médicos que contrapõem estas teorias e que temem que as crenças religiosas possam funcionar de forma negativa, aumentando um sentimento de culpa, ou uma aceitação acrítica da responsabilidade.

Ou seja, a pessoa com patologia psicológica pode usar a espiritualidade como ato de punição, o que pode levar ao abandono dos tratamentos.

Os hipotéticos conflitos religiosos de cada indivíduo não são, por outro lado, bons conselheiros, segundo os clínicos defensores desta tese.

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