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Professora julgada por crimes de maus-tratos em duas escolas de Barcelos

Uma juíza de instrução criminal, no Tribunal de Braga, pronunciou uma professora por dez crimes de maus-tratos. As vítimas são alunos das escolas do 1.º ciclo de Aldreu e Fragoso, no concelho de Barcelos.

De acordo com o despacho da pronúncia, a que a Lusa teve acesso neste sábado, os maus-tratos era de ordem física e verbal, em especial aos alunos mais lentos e com mais dificuldades, tendo acontecido entre 2009 e 2016.

“As crianças nunca viram a escola como lugar seguro que deveria ser, antes recusavam ir à escola, e, apesar de irem, viviam nela um verdadeiro terror”, refere o despacho.

A professora é acusada de uso frequente de “calão grosseiro” em frente aos alunos e de lhes dirigir expressões insultuosas como “arrastão”, “burro”, “preguiçoso” e “lesma”.

Além dos insultos, os alunos sofriam também outros castigos, ficando privados de recreios e da não frequência de atividades extracurrilares.

A docente terá baixado as calças a um dos alunos, em plena sala de aula, agredindo-o com sapatadas nas nádegas.

Terá sido imposto pela professora um “ameaçador pacto de silêncio” sobre os alunos, de forma a garantir que nada do que acontecia na escola chegasse aos ouvidos dos pais.

“As consequências da conduta violenta e totalmente inapropriada da arguida na saúde física e mental das crianças encontram-se profusamente indiciadas pelo acompanhamento psicológico e pedopsiquiátrico que tiveram”, pode ler-se no despacho.

Durante todo o período escolar, um pedopsiquiatra seguiu uma aluna, tendo escrito, num relatório, que a aluna viveu “uma verdadeira tortura”, insultada “com regularidade”, provocando uma situação de “verdadeiro pânico, insegurança e nictúria”.

Ouvida em interrogatório judicial, a professora negou “perentoriamente” as agressões, sublinhando os mais de 30 anos de profissão, mantendo sempre as “melhores relações com os alunos”.

Para os alunos “especialmente problemáticos”, reiterou a professora, era necessário um tom de voz “mais ríspido” e uma mão nas cabeças “com intuito pedagógico, sem qualquer agressividade”.

Devido a este processo, a docente foi alvo de um processo disciplinar relativamente aos anos de ensino na escola de Fragoso, que acabou arquivado.

Os adultos que privaram com a professora nos estabelecimentos de ensino confessaram não terem presenciado qualquer agressão, mas a juíza sublinha que não terem sido vistas não significa que não tenham acontecido.

A juiza de instrução vinca que o facto de a arguida ser, à época, coordenadora do agrupamento não deverá ser alheio às declarações.

Por fim, lembra também que as queixas continuaram quando a professora mudou de escola, de Aldreu para Fragoso.

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