É “mentira” alegar que Portugal, ou Espanha e Irlanda, estejam em recuperação económica. A garantia foi dada por Yanis Varoufakis, que classificou a política económica europeia como “um falhanço abjecto”. “É uma comédia de erros”, resumiu o antigo ministro das Finanças da Grécia.
Quando a Europa diz que Portugal, Espanha e Irlanda estão em recuperação económica, Yanis Varoufakis, o antigo responsável pelas Finanças gregas, ri-se dessa “comédia de erros”.
Ontem, ao participar numa conferência do ‘Plano B’, um fórum que propõe uma alternativa económica para a política comunitária, Varoufakis explicou o que quis dizer com a já mediática expressão “comédia de erros”.
“A história da Europa nos últimos seis ou sete anos é uma comédia de erros. Erram e depois não podem admitir o erro, o que leva ao falhanço. Quando falham isso leva a austeridade e depois a mais falhanço”, argumentou o político que definiu as Finanças da Grécia durante parte dessa austeridade.
Foi desde essa época, quando o então ministro teve de negociar com a troika (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional), que se apercebeu que é dada demasiada importância ao que as instituições europeias pensam.
“A Esquerda deu demasiado credibilidade ao ‘establishment’, pensamos que eles podem até ter uma visão política diferente da nossa, mas que têm um plano e são competentes. Pois eles não fazem a mínima ideia, são completamente incompetentes e estão a inventar à medida que isto anda”, insistiu o economista grego.
Foi por falta dessa credibilidade que as instituições europeias “não previram o problema” da atual crise social e económica, tanto mais que “não ligaram aos avisos” que o Governo grego da época lançou.
Por isso, frisou Yanis Varoufakis, é “mentira” dizer que Portugal, Espanha ou Irlanda estejam a recuperar economicamente quando a política económica da Europa “é um falhanço abjecto”.
Nesse sentido, o grego agradeceu ao povo espanhol pelos resultados das eleições de dezembro: “Não compraram a mentira da história de sucesso e não teve medo. Quando Alexis Tsipras foi obrigado a render-se, Mariano Rajoy apareceu em frente às câmaras e disse que era aquilo que os esperava se votassem no Syriza espanhol”.
Embora o partido de Rajoy (PP) tenha sido o mais votado, elegendo 123 deputados, o Podemos (o tal “Syriza espanhol” citado) alcançou 69 deputados, ganhado um peso inesperado no Parlamento espanhol.
Com Bruxelas empenhada em “manter a estrutura de cartel da União Europeia”, Yanis Varoufakis insistiu no alerta de que “a velha Europa está a desintegrar-se, a morrer”.
“E depois falam em recuperação”, reforçou: “Que recuperação em Espanha e em Portugal? Ou na Irlanda? A política económica europeia é um falhanço abjecto”.
“A esquerda é necessária, mas não suficiente” para pôr em prática o falado ‘Plano B’, pelo que o antigo ministro grego apelou a outras forças partidárias mais ao centro: “Temos de nos aliar com os verdes, com os sociais-democratas que viram o erro em que caíram”.
