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Portugal expulsou diplomatas russos… em 1980

Portugal não está solidário com os parceiros europeus, que estão a expulsar os diplomatas russos devido ao caso Skripal, mas fê-lo em 1980, quando Sá Carneiro liderava o Governo da AD.

Mais de metade dos países da União Europeia e o Reino Unido estão a expulsar diplomatas russos como retaliação pelo assassinato, em solo britânico, do ex-espião russo Serguei Skripal.

Portugal, por agora, não expulsou diplomatas russos. Mas fê-lo em 1980, por outros motivos.

À data, o primeiro-ministro, Francisco Sá Carneiro, assumiu publicamente, numa entrevista a um canal de televisão espanhol, a intenção de reduzir “o peso excessivo” da influência da então União Soviética em Portugal.

De acordo com a biografia do histórico líder do PSD (da autoria de Miguel Pinheiro), Sá Carneiro temia que o “neutralismo” dos países ocidentais permitisse a ‘conquista’ da Europa pela superpotência que então rivalizava com os EUA na luta pela nova ordem mundial.

Em janeiro de 1980, Portugal expressou formalmente “o mais vigoroso protesto” contra a invasão do Afeganistão pela União Soviética. Em fevereiro e março, o Governo negou vistos de entrada a dezenas de turistas e jornalistas soviéticos.

A tensão bilateral foi-se agravando até que, em agosto, o Conselho de Ministros aprovou a expulsão de quatro diplomatas russos: Vladimir V. Koniaev, Albert A. Matveev, Alexandre S. Koulaguine e Youri A. Semenitchev.

Alegadamente espiões do KGB e do GRU, os diplomatas foram expulsos por “intromissão nos assuntos internos portugueses”, como permitido pela Convenção de Viena.

Ainda de acordo com a biografia de Sá Carneiro, o Presidente da República, Ramalho Eanes, só foi informado do que ia acontecer meia hora antes do Conselho de Ministros desse dia 20 de agosto de 1980.

Quase 40 anos passados, Portugal não se mostra solidário com Reino Unido, EUA e outros 23 parceiros ocidentais, recusando expulsar os diplomatas russos, na sequência do caso Skripal.

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