Ciência

Polinização: Sabia que as abelhas ficam viciadas no néctar com cafeína?

abelhas viciadas

Sabia que as abelhas podem ficar viciadas em cafeína? Uma investigação comprovou que estes insetos preferem as flores que produzem néctar com cafeína, libertada para espantar lagartas. “Drogando” a abelha, “a planta consegue exercer um tipo de dominação”, salientam os cientistas.

As abelhas são umas viciadas e, sempre que podem optar, preferem ‘tomar café’ em certas flores: as que produzem néctar com cafeína.

A descoberta foi realizada por uma equipa de investigadores da Universidade de Sussex, que chegaram à conclusão de que as plantas capazes de produzir cafeína atraem mais abelhas do que as outras.

Até agora, pensava-se que estas plantas produziam néctar com cafeína para espantar determinadas insetos, como as lagartas. Porém, as conclusões deste estudo, publicadas na revista Current Biology, demonstram que estas plantas podem ter outro objetivo.

A ideia do “relacionamento caloroso, de benefício mútuo” associada à polinização também é desmistificada, explicou a coordenadora da investigação, Margaret Couvillon: “Estamos a mostrar que a planta consegue exercer um tipo de dominação sobre a abelha, através de uma ação que é semelhante à de drogar”.

O estudo visou aprofundar os resultados de outras investigações, que tinham demonstrado que as abelhas são mais propensas a memorizar a localização das flores cujo néctar contém cafeína.

Em laboratório, os cientistas colocaram duas flores artificiais, uma contendo néctar doce (sem cafeína) e outra com uma concentração do composto parecida com a encontrada em muitas plantas.

Para descobrir até onde iam os efeitos da perceção desse néctar cafeinado, os investigadores ‘colaram’ uma placa com um número em cada abelha, de forma a acompanhar e registar os comportamentos individuais.

As conclusões foram surpreendentes: não são as abelhas regressavam mais rapidamente ao néctar com cafeína (o que lhes permitia fazer mais viagens e acumular mais composto), como ainda ‘dançavam’ (os movimentos com que comunicam as localizações das flores) mais, fruto dos efeitos da cafeína.

“A grande maioria das abelhas não dança, apenas o faz para comunicar um lugar particularmente bom”, destacou Francis Ratnieks, um dos investigadores envolvidos.

O efeito da cafeína nas abelhas foi “semelhante ao de uma pessoa drogada”, com os insetos a ‘pensarem’ que o néctar era mais rico em açúcar e de melhor qualidade.

“Também presumimos que seja mais ‘barato’ para a planta produzir uma pequena quantidade de cafeína do que uma quantidade maior de açúcar”, concluiu ainda Francis Ratnieks.

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