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“Ser pobre é a principal causa de morte: Ir ao hospital ou ficar sem-abrigo?”

Um homem que morreu em casa por não ter dinheiro para ir ao hospital abriu um preocupante debate sobre os acessos aos cuidados de saúde. “Não podia ir para o hospital porque tinha de vender o jipe para pagar a renda”, explicou Conan Soranno, numa emocionante mensagem de despedida: “É lixado ter de escolher entre o hospital ou ser sem-abrigo”.

O caso deste norte-americano de Los Angeles tem aquecido os mais recentes debates sobre os custos dos serviços nacionais de saúde. Conan Soranno vomitou “baldes de sangue”, mas abdicou de ir ao hospital porque teria de pagar a renda dentro de poucos dias, o que só poderia fazer se conseguisse vender o carro.

“A renda é para pagar no dia 25 [de agosto]. Para isso teria de vender o jipe. A 20 de agosto, comecei a vomitar baldes de sangue. Também saiu pela outra ponta. Penso que foi por me terem aumentado a medicação contra os coágulos. Devia ter ido logo para o hospital”, escreveu Conan Soranno, na mensagem de despedida que deixou no Facebook.

E porque não foi? “Tive de ser racional. Não podia ir porque [se fosse] não conseguia vender o jipe esta semana e não iria pagar a renda. É lixado [tradução livre] que as pessoas tenham de tomar decisões destas. Hospital ou sem-abrigo”, justificou-se.

Na emocionante mensagem de despedida, o homem revelou ainda que telefonou às pessoas que mais amava “às três da manhã para não estar sozinho quando morrer”.

“Ser pobre é a principal causa de morte”, lamentou.

Numa tentativa desesperada para se manter vivo, Conan Soranno chegou a abrir uma campanha de crowdfunding para pagar as despesas de saúde. Vinte e três pessoas contribuíram com um total de 2595 dólares, mas não a tempo de salvar o homem.

“Este caso mostra-nos os perigos de vender os cuidados de saúde como um produto e não como um serviço público. A privatização da saúde é uma violação dos direitos das pessoas”, defendeu a investigadora britânica Deborah Harrington, ao comentar a história de Conan Soranno para o The Independent.

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