Ciência

Partidos portugueses são menos clientelistas do que os gregos

O clientelismo dos partidos portugueses pode não ser tão grave como muitas vezes se diz. Alexandre Afonso compara a realidade nacional com a grega, onde “os partidos se autodestruíram quando implementaram as políticas da Troika”.

A austeridade teve pelo menos uma virtude, de acordo com este investigador português, que é professor assistente na Universidade de Leiden (Holanda): mostrou que a sociedade portuguesa não depende tanto das ajudas do Estado como a grega.

“Tento fazer pesquisa em áreas que são relacionadas com problemas políticos actuais. Por exemplo, com colegas gregos, tentei perceber porque os partidos políticos gregos se autodestruíram quando implementaram as reformas da Troika, enquanto os partidos portugueses sobreviveram aos custos eleitorais das políticas de austeridade”, refere Alexandre Afonso, em entrevista ao GPS.

“Mostrámos que isso têm a ver com a estrutura dos partidos políticos”, continua este investigador português: “Os partidos gregos dependem mais de relações clientelísticas com os eleitores. Isso quer dizer que a sua sobrevivência eleitoral depende da sua capacidade de distribuir recursos (despesa pública, empregos públicos) aos eleitores”.

Com a troika, os partidos gregos deixaram de conseguir satisfazer as clientelas. O resultado foi óbvio: “Foram abandonados pelos eleitores”.

“Em Portugal, mesmo existindo tendências clientelísticas, os eleitores esperam menos dos partidos e o seu poder eleitoral depende menos de eles serem capazes de distribuir recursos”, frisa Alexandre Afonso.

O GPS – Global Portuguese Scientists é um projeto de divulgação da ciência portuguesa promovido pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.

 

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