Desporto

Os ‘teóricos’ estarão sempre enganados até perceberem que futebol não é ciência exata

Os adeptos do Braga perdoarão que se empreste a expressão “guerreiros” à equipa que se ergueu de um campeonato perdido, no fogo do inferno.

Quando Mitroglou marca o 1-0, o FC Porto fica, não só no campo teórico, a nove pontos da liderança. Como Peseiro admitiu no final do jogo, esse resultado representaria o fim de linha e um fim de temporada doloroso, ainda com um terço por jogar.

O FC Porto chegou a ser quase um ‘saco de boxe’ dos encarnados, num clássico atípico, onde uma equipa tinha de arriscar e a outra não quis travar o ritmo.

O Benfica jogou como o adepto gosta. A ganhar, não se fechou à defesa para procurar um contra-ataque. Preferiu investir, quase agredir Casillas, o nome que sustenta o triunfo portista (não sendo o único obreiro desta vitória por onde passará o desfecho do campeonato).

Casillas defendeu tudo. Travou o avassalador ataque encarnado, parou até os remates venenosos da sua própria defesa, que muitos consideraram “remendava”.

Os ‘teóricos da bola’ estão sempre enganados. Diziam que o FC Porto estava perdido. Escreveram que Herrera não servia. Que Aboubakar não chegava. Que estava tudo mal.

Os adeptos veem o futebol como ele deve ser visto e compreenderam, mesmo após do minuto em que um grego assina a provável tragédia, que nada estava perdido. E não estava.

Voltemos a Casillas. O espanhol também já tinha sido dado como perdido. Até recebia as culpas dos golos onde não tinha responsabilidade. Ontem, mostrou que Lopetegui tinha razão. Sim, Lopetegui, o culpado deste sacrilégio portista.

Afinal, o treinador mediano deixou algo de bom. Mas deixemos a teoria, para não corrermos o risco de cometermos o erro de sermos também nós os teóricos da bola.

Passemos à prática. Pimenta Machado será sempre o dirigente mais histórico de todos os históricos. É certo que tem poucos títulos, mas é recordado semana após semana.

E porquê? Disse um dia que, “no futebol, o que hoje é mentira amanhã é verdade”. Ou vice-versa, não importa. Há uns dias, era verdade que o Benfica estava na melhor fase da época. Era verdade que a herança de Lopetegui era cruel. Era tudo verdade.

Hoje, o amanhã de Pimenta Machado, o FC Porto está na luta pelo título. Seja lá porque avançou linhas, ou porque fez pressão alta, ou porque jogou num 4x2x3x1 em vez de apostar num 4x3x3.

Eles ganharam, repita-se apesar de esmagados por Mitroglou e por uma mão cheia de golos falhados. Não são falhados. Os jogadores do FC Porto não são falhados. Falhar é achar que o futebol é ciência exata.

Ciência exata é a Matemática. E essa diz-nos tudo, sem linhas recuadas ou avançadas. Diz-nos que eles foram guerreiros e se sobreviveram às chamas do inferno podem chegar ao céu. Há três pontos, que podem ser seis, e muito campeonato pela frente. Acredita, coração portista.

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