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Os casos das mortes em urgências foram arquivados: “Previsível”, diz o bastonário

Os oito inquéritos referentes aos casos de mortes de pacientes nas urgências, no último inverno, foram arquivados. “Era previsível”, comenta o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), lamentando que a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) não tenha instituído processos disciplinares.

Lembra-se das polémicas do último inverno sobre os pacientes que morriam nas urgências dos hospitais, onde estavam à espera de serem atendidos? Pois os oito processos abertos pela IGAS foram arquivados por “não haver matéria para processos disciplinares”.

O arquivamento, avançado pelo Público e pelo Correio da Manhã, já motivou o comentário do bastonário da OM, José Manuel Silva.

“A IGAS deveria ter avaliado as suas responsabilidades, que são objetivas nestas situações, porque os conselhos de administração dos hospitais e as direções clínicas não prepararam adequadamente os seus serviços de urgência para uma situação que em todos os invernos é previsível: o aumento da procura dos serviços de urgência e da necessidade de internamento”, afirmou o responsável, citado pela Lusa.

Para além de lamentar que a IGAS não tenha instituído processos disciplinares aos conselhos de administração dos hospitais e aos diretores clínicos das instituições em causa, para avaliar responsabilidades, José Manuel Silva criticou o Ministério da Saúde por ainda não ter apresentado um plano de contingência para o inverno que se avizinha.

“O Ministério da Saúde deveria apresentar já um plano de contingência para o próximo inverno. Um plano para o aumento do número de camas hospitalares, de contratação de profissionais para os serviços de urgência e de flexibilização de horários nos cuidados de saúde primários, que no passado inverno foi feito tarde por causa dos cortes excessivos impostos ao Serviço Nacional de Saúde”, argumentou.

Para José Manuel Silva, o arquivamento dos inquéritos “era previsível, pois os hospitais não estavam preparados adequadamente devido aos cortes excessivos, já uma determinada “coincidência” é de estranhar.

“Queria também sublinhar a estranha coincidência de, só três dias depois das eleições, ser divulgado o relatório do programa nacional de vigilância da gripe 2014/15. Certamente, não será só uma coincidência e veio demonstrar o enorme excesso de mortalidade que houve este inverno, essencialmente devido à gripe e ao frio como acontece em todos os invernos, mas que este ano atingiu um pico tremendo”, criticou.

Ainda em declarações à Lusa, o bastonário referiu que a OM já esperava uma falta deresponsabilização dos profissionais diretos: “Coitados, estavam a trabalhar para além dos limites e em circunstâncias difíceis. Deveriam ter sido instituídos processos disciplinares aos conselhos de administração e às direções clínicas”.

É de recordar que as mortes ocorreram entre o final de dezembro de 2014 e as três primeiras semanas de janeiro, um período em que, em plena epidemia de gripe e vaga de frio, muitas urgências viviam uma situação caótica devido ao pico de procura.

Os óbitos em causa foram registados nas urgências dos hospitais de S. José (Lisboa), Santa Maria da Feira, Setúbal, Peniche, Santarém, Aveiro e Garcia de Horta (Almada).

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