Nas Notícias

Ordem dos Médicos denuncia falta de meios para passar atestados necessários à carta de condução

Os médicos de família não têm como responder aos utentes que pedem um atestado para tirar ou renovar a carta de condução, denuncia a Ordem dos Médicos (OM). Problema surgiu com a passagem do processo de emissão para a via eletrónica.

O exame oftalmológico é o que mais tem contribuído para o agravar desta situação.

Segundo a OM, “95,8 por cento” dos médicos de família “não têm ao dispor todos os meios de que necessitam para a avaliação pormenorizada do utente”.

Entre esses meios, os oftalmológicos (potência das lentes, campo visual e visão periférica, visão das cores, visão crepuscular, doenças oftalmológicas progressivas) são os mais faltam.

As conclusões da OM foram retiradas de um questionário de avaliação de satisfação realizado pelo Gabinete de Informação e Tecnologia da Secção Regional do Centro, ao qual responderam 506 médicos.

Segundo os resultados, 87,9 por cento dos utentes precisaram de mais do que uma consulta para obter o atestado, cuja emissão chega a demorar mais do que 30 minutos (54,5 por cento das respostas).

Houve casos de médicos que precisaram de mais do que 45 minutos só para emitir o atestado, salienta ainda a OM.

“Este inquérito de satisfação é mais um aviso para que o Ministério da Saúde possa encontrar uma solução urgente”, sustentou o coordenador do gabinete que realizou o estudo, Ivo Reis.

Carlos Cortes, presidente da Secção Regional do Centro, lamenta a inexistência dos Centros de Avaliação Médica e Psicológica, que “foram prometidos e nunca foram criados”, acusando a tutela de ‘entupir’ o normal funcionamento das unidades de saúde: “Os cuidados de saúde primários estão a ficar atolados de problemas criados pela obrigatoriedade dos atestados médicos emitidos por via eletrónica”.

Os médicos (93,3 por cento das respostas) entendem que esta situação compromete a relação entre o profissional e o doente e três em cada quatro adianta que o utente terá de esperar mais de seis meses pela consulta após a referenciação.

A grande maioria dos profissionais (68,8 por cento) está desagradada com a emissão eletrónica dos atestados necessários à carta de condução.

Em destaque

Subir