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Orçamento do Estado contempla 26 mil euros para os bombeiros

Tendo Portugal cerca de 30 mil bombeiros, não é preciso ser um prodígio da matemática para perceber que o Orçamento de Estado para 2016 dedica, em média, menos de um euro por cada um deles.

Os bombeiros que recebem salário ganham menos de dois euros por hora.

Nesta altura do ano, lembramo-nos de que os bombeiros são heróis, ainda que a ação dos chamados “soldados da paz” seja permanente, desde o transporte de doentes ao salvamento de animais, passando até pela abertura de uma porta cuja chave foi esquecida no interior de uma casa.

Com efeito, apenas sete por cento da atividade dos bombeiros está relacionada com fogos florestais. Repetimos: sete por cento. Isto significa que cometemos uma grande injustiça com estes operacionais, durante os meses em que estão longe da esfera mediática.

Mas há mais números que surpreendem. A esmagadora maioria dos bombeiros exerce a atividade como voluntário: 92 por cento.

Portugal tem cerca de 30 mil bombeiros. Mas só alguns recebem salário. Um valor irrisório, de 500 euros por mês, a uma média horária de 1,75 euros. Trabalham de dia, durante a noite, sem horário laboral. Em Espanha, por exemplo, o valor pago a estes homens é quatro vezes superior.

Outros números que suscitam reflexão, avançados pelo Observador, que cita Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses: “O Orçamento do Estado para os bombeiros é de cerca de 26 mil euros”.

Leu bem, 26 mil euros, pouco mais de dois mil euros por mês – eis o valor que o poder central dedica aos bombeiros.

E para se ter noção da despesa que uma corporação pode ter, basta recorrer a outro dado, também fornecido por Jaime Marta Soares ao Observador. “Só dois corpos de bombeiros profissionais custam 65 milhões de euros a duas câmaras municipais”, assinala.

Quando falamos nos soldados da paz, caímos num erro inevitável de apontar os números, porque esses números nos obrigam. Mas por detrás da matemática há homens, que colocam a vida em risco para salvar outras vidas.

Não há nenhum número que expresse a dimensão humana de um bombeiro, talvez a classe profissional mais amada em Portugal.

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