Economia

O empreendedorismo luso: Filho do desemprego, pai de uma economia débil

Uma tese da Universidade de Coimbra defende a maioria dos casos de empreendedorismo, em Portugal, surgem por necessidade, e não por oportunidade. E estando associados ao desemprego, contribuem para um crescimento anémico da economia.

Gonçalo Brás, autor da tese de doutoramento que iniciou em 2012, toca na ferida do empreendedorismo, dos programas de incentivo ao próprio negócio e na falta de visão que estão na origem desses projetos.

Tem sido uma bandeira agitada pelos governos, como forma de combater o desemprego e contribuir para o crescimento. Mas uma tese de doutoramento analisou a problemática do empreendedorismo e concluiu que há um problema na base da maioria dos empreendedores.

Em Portugal, a maioria dos ditos empreendedores são-no por “necessidade”, e não por “oportunidade”. Ou seja, avançam com novos projetos porque estão desempregados e tentam uma oportunidade.

“As pessoas são empurradas para o mercado, muitas vezes impreparadas, o que pode resultar no endividamento das pessoas”, destaca o investigador, em declarações à agência Lusa.

Esta é a regra, com naturais exceções. Perante estes factos ­– e segundo a tese de Gonçalo Brás, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra –, o empreendedorismo não contribui de forma decisiva para o crescimento económico.

A alavanca do empreendedorismo português é a falta de emprego, o que gera turbulência no tecido empresarial.

Por outro lado, e segundo realça Gonçalo Brás à Lusa, o Governo alimenta este tipo de empreendedorismo, criando programas (como o ‘Empreende Já’) em que estar desempregrado é condição essencial poder usufruir dos mesmos.

A solução passa por uma inversão de paradigma: “Para o empreendedorismo por oportunidade, tem de se apostar num modelo de crescimento endógeno, com o capital humano e a tecnologia como alicerces”.

Esta será uma forma de combater o “carrossel de entra e sai de empresas”, que “nada de bom” traz para o crescimento económico.

Uma parte desta tese será discutida em Sevilha, nos dias 5 e 6 de novembro, durante um evento da Rede Internacional de Investigação Económica.

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