Ciência

Vídeo: No tempo do homem de Neandertal havia antibióticos e pratos vegetarianos

Um novo estudo genético revelou detalhes sobre a vida do homem de Neandertal. O ‘primo’ dos humanos fabricava medicamentos, como antibióticos, e alimentava-se de vegetais e sementes.

O estudo, realizado pelo Centro Australiano de ADN em colaboração com a Escola Odontológica da Universidade de Adelaide e com a Universidade de Liverpool (Reino Unido), incidiu nas análises ao ADN encontrado em placas dentárias de neandertais.

A informação genética contida nesse ADN abriu “uma janela privilegiada” sobre a vida do homem de Neandertal, permitindo saber mais sobre o que comia e quais as doenças que mais o afetava.

Entre as conclusões, destaca-se a descoberta de que os neandertais usavam plantas para fabricar medicamentos para a dor de cabeça.

“Uma das descobertas mais surpreendentes foi feita num neandertal de El Sidrón, que tinha um abcesso dentário”, salientou Alan Cooper, diretor do Centro Australiano de ADN Antigo.

“A placa mostrou que também tinha um parasita intestinal que lhe causava diarreia aguda, pelo que claramente estava muito doente. Ele estava a comer choupo, que contém ácido salicílico, o ingrediente ativo da aspirina, para tirar a dor, e também detetámos um antibiótico natural (penicilina) que não encontrámos noutros espécimes”, explicou.

Isto demonstra, segundo o investigador, que o homem de Neandertal tinha um bom conhecimento das plantas medicinais e das suas propriedades anti-inflamatórias e analgésicas, sendo capaz de se automedicar com uma ‘aspirina’ ancestral.

O mais surpreendente, insistiu Alan Cooper, foi o uso de antibióticos a anteceder em 40.000 anos a descoberta da penicilina.

O homem de Neandertal, extinto há 29 mil anos e que era um ‘primo’ da espécie humana (homo sapiens), tinha também hábitos alimentares variados.

“A placa dentária, que prende microrganismos que vivem na boca, agentes patogénicos encontrados nos aparelhos respiratório e gastrointestinal, bem como pedaços de comida presos nos dentes, preservou o ADN por milhares de anos”, salientou Laura Weyrich, investigadora do mesmo Centro e a principal autora do estudo.

Esse ADN, “uma janela privilegiada” para se conhecer o estilo de vida do homem de Neandertal, foi recolhido das placas dentárias de quatro esqueletos encontrados em cavernas em Spy (Bélgica) e em El Sidrón (Espanha), que remontam a um período de entre 42.000 a 50.000 anos antes.

“Descobrimos que os neandertais de Spy consumiam rinocerontes e ovelhas selvagens, acompanhadas por cogumelos”, acrescentou Alan Cooper, realçando que os de El Sidrón não mostraram indícios de consumo de carne: seguiam uma dieta à base de vegetais e sementes.

Em destaque

Subir