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“Não trouxe quem queria trazer”, diz jovem que participou num salvamento no Douro

“Não me sinto herói porque não trouxe quem eu queria trazer”. É desta forma emocionada que José Pedro Santos lembra a perda do amigo André Ferreira, com quem se atirou às águas do rio Douro, na zona do Marco de Canaveses, durante o salvamento de um idoso que se terá tentado suicidar e saiu com vida do rio. André Ferreira não teve a mesma sorte e José Pedro Santos fala ao PT Jornal de um “herói” e um “amigo” que “nunca será esquecido”.

O salvamento acabou de forma trágica para André Ferreira que, ao ver um carro entrar no rio Douro, nem pensou duas vezes, e lançou-se à água, tentando ajudar a vítima. Pouco depois, contou com a ajuda de José Pedro Santos que nos recorda o que se passou.

“Quanto cheguei ele [condutor do veículo] já estava dentro da água com as janelas abertas. Estávamos todos a gritar para ele [condutor do veículo] sair e o homem ignorou o nosso apelo e nem olhava para nós”, começou por explicar José Pedro Santos, de 21 anos.

Em entrevista ao PT Jornal, o jovem explica que o grupo de amigos “nem sabia quem era o senhor”.

“Nós só queríamos salvar aquela vida. Ninguém sabia quem era o senhor”, sublinhou José Pedro Santos, recordando como se deram os acontecimentos em Bitetos, na freguesia de Alpendorada, Várzea e Torrão, no concelho do Marco de Canaveses, no Porto.

“O André [Ferreira] foi a correr, atirou-se, tirou-lhe o cinto, tirou-o para fora do carro e estava agarrado a ele. O homem estava de barriga para baixo só que tanto um como outro estavam à espera de uma corda. Ambos estavam a aguentar-se em cima do carro. Só que depois o carro afundou e o André basicamente parou e afundou também”, lembra José Pedro Santos, que percebeu aí que tinha de entrar dentro de água.

“Vi isso e atirei-me”, conta, salientando que “a água estava super gelada”.

Perante a aflição, José Pedro Santos – que trouxe o homem para terra – recorda o que tentou fazer já nas águas do rio Douro e como conseguiu arrastar o homem, que se terá tentado suicidar.

“Com a aflição basicamente agarrei numa perna do homem e tentei puxar. Depois, olhei para a frente e estava já outro colega nosso no rio à procura do André, mas saiu logo por causa do frio e aflição. Então, depois outro senhor atirou me um cabo, eu agarrei-me ao cabo e ele puxou-me até à borda e consegui trazer o homem comigo”.

Ao PT Jornal, José Pedro Santos explica que mal saiu da água com o homem, outras pessoas tentaram “reanimar” o idoso.

“Tirei-o da água e o senhor que me atirou a corda veio logo tentar reanimá-lo. Eu comecei a ficar com tanto mas tanto frio que tirei a roupa molhada e fui para dentro do carro com a ar condicionado ligado. Passado pouco tempo fiquei bem e, entretanto, a polícia chegou e também veio uma ambulância”, recorda.

Neste relato ao nosso jornal, José Pedro Santos explica que “os bombeiros ligaram lá as luzes para tentar encontrar o André”.

Ao recordar o episódio vivido nas águas do rio Douro durante o salvamento, José Pedro Santos explica que o amigo “não se afogou normal”.

“Ele deu a ideia de ter perdido as forças e caiu”, recorda, emocionado, não querendo o rótulo de herói.

“Não me sinto herói, sinceramente, porque não trouxe quem eu queria trazer”, disse José Pedro Santos, de 21 anos, que perdeu o amigo, de 19, num salvamento que terminou de forma trágica.

Para sempre, José Pedro Santos explica que vai lembrar o amigo André como um “herói”. “Um herói. Muito mesmo”.

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