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Morreu Maria Barroso, uma mulher de cultura e de causas

Morreu hoje Maria Barroso, aos 90 anos, no Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa, onde estava internada desde 26 de junho, em coma, após uma queda em casa.

Nascida a 2 de maio de 1925 na Fuseta, em Olhão, Maria Barroso licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1951), onde conheceu Mário Soares.

A fundadora do PS casou-se com o ‘pai da democracia’ quando este se encontrava preso, a 22 de fevereiro de 1949.

Se como atriz no teatro e no cinema não encontrou graves problemas, enquanto professora teve de enfrentar o Estado Novo, que a proibiu de exercer a docência durante vários anos.

Ainda durante a ditadura, em 1969, foi candidata a deputada pela Oposição Democrática, tendo sido a única mulher a intervir durante a sessão de abertura do III Congresso da organização, em 1973.

Nesse mesmo ano, tornou-se fundadora do Partido Socialista, tal como Mário Soares. Foi eleita deputada nas legislaturas iniciadas em 1976, 1979, 1980 e 1983.

Durante os dez anos de Presidência do marido (entre 1986 e 1996), Maria Barroso dedicou-se aos valores da família, da educação e da luta contra o racismo, a xenofobia, o antissemitismo e a exclusão social.

O Presidente da República, Cavaco Silva, já se pronunciou sobre o desaparecimento da antiga primeira-dama, com uma mensagem no site da Presidência: “Mulher de cultura e de causas, Maria de Jesus Barroso distinguiu-se, ao longo de décadas, como uma lutadora pela liberdade e pela democracia, antes e depois do 25 de Abril”.

Entre 1997 e 2003 presidiu à Cruz Vermelha Portuguesa.

É de recordar que, no comentário feito dois dias após o internamento hospitalar de Maria Barroso (a 26 de junho), Marcelo Rebelo de Sousa destacou a singularidade de uma mulher que não ficou para a História “apenas” como esposa de um antigo Presidente da República.

“A semana ficou marcada por esta notícia. Não só por uma razão de proximidade de Mário Soares, não só por uma razão de longevidade, mas também pelo lado singular. Porque é que ela é uma mulher singular? Pela sua cultura. Ela pertenceu à época em que os políticos tinham uma formação cultural muito forte”, começou por explicar o comentador político.

“Na área onde ela se movia era única, nos fundadores do PS. Não era muito vulgar ter uma mulher ativista”, reforçou: “Vem a democracia e assiste-se a uma mulher muito mobilizadora. Ela não é apenas a mulher de Mário Soares. É diferente de todas outras figuras importantes de mulheres na nossa democracia. Porque ela foi ela, ela é ela e continua a ser vista como ele”.

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