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Jardineiro com cancro leva a poderosa Monsanto a tribunal

Um jardineiro de 46 anos com cancro quer responsabilizar a Monsanto por negligência. DeWayne Johnson processou a gigante da agroquímica e terá de provar, em tribunal, que a empresa comercializa herbicidas e outros produtos cancerígenos.

Em causa está um herbicida feito à base de glifosato, a substância desenvolvida pela Monsanto que é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como potencialmente cancerígeno.

Entre 2012 e 2015, DeWayne Johnson usou repetidamente o herbicida Roundup, ao trabalhar para as escolas de Benícia, uma cidade no condado de Solano, na Califórnia (EUA).

Saudável e ativo até então, o jardineiro ficou a saber, em agosto de 2014, que sofria de um linfoma não-Hodgkin.

O cancro provocou-lhe lesões em mais de 80 por cento do corpo. Sujeito a um tratamento inovador, o paciente tem adiado a morte, mas a muito custo: há dias em que não consegue levantar-se da cama ou até falar!

DeWayne Johnson nunca teve dúvidas: a doença deve-se ao uso continuado do herbicida com glifosato, ou seja, tem cancro por culpa da Monsanto.

A empresa conseguiu sempre esquivar-se aos processos judiciais, apesar de numerosas polémicas divulgadas pela imprensa dos EUA, mas agora um juiz da Califórnia decidiu dar uma oportunidade aos críticos.

Curtis Karnow deu razão aos fundamentos da OMS, classificando o glifosato como produto cancerígeno; no entanto, o magistrado exigiu que a acusação prove que a Monsanto tinha conhecimento desses efeitos.

“As correspondências internas apontadas por Johnson podem suportar a hipótese de um júri concluir que a Monsanto está há muito ciente do risco que seus herbicidas à base de glifosato sejam cancerígenos”, sustentou o magistrado.

O despacho refere ainda que a poderosa Monsanto “teria continuamente buscado influenciar os documentos científicos para evitar que as preocupações internas chegassem ao conhecimento público e para reforçar as suas defesas em ações sobre a responsabilidade judicial dos produtos”.

“Há, portanto, material factual para um julgamento”, sentenciou o juiz.

Pela primeira vez, a Monsanto, que sozinha é um dos mais poderosos lóbis mundiais, vai sentar-se no banco dos réus.

Fundada em 1901, a gigante da agroquímica tem sido também acusada, por organizações e ativistas, de ser a principal responsável pela fome no mundo, dado o apertado controlo que exerce sobre as sementes, e por novas doenças, alegadamente resultantes do produtos transgénicos.

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