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Incêndio de Pedrógão: IPMA duvida em 95 por cento da ignição por trovoada seca

A tese de que o incêndio de Pedrógão Grande teve origem numa trovoada seca foi descartada quase por completo pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). O relatório sobre o incidente salienta, com uma “eficiência de deteção” de 95 por cento, que as descargas foram posteriores ao início do incêndio.

Segundo uma das autoras do documento, é possível que algumas descargas não tenham sido detetadas pela rede, até por existir uma “margem de erro”, mas os dados revelam que, “mais perto do local, estas descargas só se verificaram a partir do meio da tarde até à noite”.

“Não detetámos nenhuma descarga à hora do incêndio”, garantiu a meteorologista Sandra Correia.

Apesar da hipótese ser apenas de cinco por cento, o coordenador do relatório, Nuno Moreira, mantém como possível a teoria da ignição por descarga de trovoada seca, embora com “probabilidade baixa”.

“As descargas nuvem-solo que foram detetadas próximo do local do incêndio ocorreram às 17h37, 18h53 e 20h54, sendo que as 14h43 são a hora de referência do início do incêndio. Há uma probabilidade baixa, no entanto não nula, de uma descarga nuvem-solo na proximidade do local do início do incêndio”, garantiu o perito do IPMA.

Nuno Moreira realçou ainda que o fenómeno do ‘downburst’, um vento intenso junto ao solo que se espalha por todas as direções, poderá ter ajudado o incêndio de Pedrógão Grande a assumir a dimensão que o transformou na maior tragédia do género em Portugal: “Identificou-se uma ativação da pluma de incêndio e essa ativação, sugerem os dados, pode ser devido ao ‘donwburst’, mas que não é diretamente observado”.

Sem adiantar uma causa concreta, o relatório do IPMA indica que o incêndio de Pedrógão “deflagrou e desenvolveu-se num quadro meteorológico caracterizado por uma situação de calor e secura extrema, instabilidade atmosférica com ocorrência de trovoadas, sem precipitação na região e rajadas intensas de vento”.

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