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Guedes de Carvalho revoltado com “monstruosidade do crime” de violência doméstica

Rodrigo Guedes de Carvalho dedicou um artigo de opinião onde fala do caso de violência doméstica entre Bárbara Guimarães e José Maria Carrilho, que acompanhou de perto, mas pretendeu passar a revolta que com as penas suspensas nos casos “agoniantes” daquilo a que chama de “monstruosidade do crime”. “Enquanto a legislação e os juízes continuarem assim, são as vítimas, não os criminosos, que ficam, talvez para sempre, com as vidas suspensas”, escreveu o jornalista.

Deixando claro, desde logo, que não se tratava de um artigo isento, visto que Bárbara Guimarães é para ele como uma “irmã mais nova”, Rodrigo Guedes de Carvalho confessou que “o caso Carrilho–Bárbara é apenas um entre milhares de relatos agoniantes”.

“Acredito nela e não acredito nele”

Frontal no depoimento, Guedes de Carvalho sublinha o que o moveu ao testemunhar em Tribunal a favor da colega da SIC.

“Fui testemunha por ela, no julgamento contra Carrilho. Não porque tenha testemunhado qualquer agressão mas porque acredito, sem hesitar, na sua versão. Os julgamentos são também feitos disto”, explicou, reforçando.

“Acredito nela e não acredito nele, sei como ela me apareceu, a pedir ajuda e conselhos, quando a sua vida se tornou insuportável, e o escândalo ainda não rebentara.”

A realidade da violência doméstica é abordada neste artigo onde Rodrigo Guedes de Carvalho confessa a sua preocupação com o que se passou, passa e poderá passar no futuro.

“Por exemplo: preparo-me para escrever esta crónica, folheio uns jornais e dou de caras com um taxista que assassinou a mulher, com devido aviso de antecedência a amigos: maior premeditação é difícil. E podia ir aos jornais de outra semana, do último mês ou do ano passado. E acho que, infelizmente, concluo que posso ir aos jornais do futuro.”

Rodrigo Guedes de Carvalho explica nas linhas seguintes o que o leva a pensar que esta realidade irá continuar.

“Não é difícil adivinhar que vai continuar e não é preciso ser mago para desconfiar que tem a ver (não só mas também) com o artifício da pena suspensa, para já não falar dos que nem sequer isso carregam aos ombros”.

O jornalista da SIC sustenta a sua tese no artigo publicado na revista TV Mais.

“Por outras palavras: não é preciso ser um apoiante da pena de morte para sentir que o castigo que é leve o que espera os condenados por violência sobre as mulheres, que na maior parte dos casos são mesmo assassinos.”

Neste artigo, Rodrigo Guedes de Carvalho lembra as declarações de Carrilho depois de ser conhecida a sentença.

“O sorriso tranquilo de Carrilho após a sentença, quando calmamente responde aos jornalistas apenas para poder declamar aos microfones que a ex-mulher é alcoólica, esse sorriso já o vimos a outros condenados pelos mesmos crimes.”

Revelando desconforto com esta realidade, Rodrigo Guedes de Carvalho desabafa que assistiu a um “sorriso do encolher de ombros” que, em seu entender “é a tranquilidade de saber que a monstruosidade do crime que tenham cometido acaba por compensar”.

O jornalista pede que se fale “claro” sobre esta realidade e sobre as sentenças não apenas dos crimes de violência doméstica mas também, por exemplo, dos incendiários.

“O mesmo se passa com os incendiários, os que o tribunal manda para casa com ‘obrigação de apresentação periódica às autoridades’, e os que chegam a tribunal e são condenados a mais isto e aquilo mas… com pena suspensa.”

No entender do jornalista da SIC, “uma pena suspensa, depois de um tribunal dar como provados factos arrepiantes e ameaçadores, é um salvo-conduto para a continuação do crime. Sim, eu sei que em muitas sentenças há a proibição de o condenado se aproximar a menos de não sei quantos metros da vítima, mas vamos falar a sério, por favor”, explica na TV Mais.

E acrescenta: “Vejamos a coisa com um olhar simples: quem fica com pena suspensa continua por aí, à vontade.”

“Os crimes têm características diferentes, os de violência sobre as mulheres e os de fogo posto são, por natureza, continuados. Significa que são cometidos uma e outra e outra vez. Enquanto a legislação e os juízes continuarem assim, são as vítimas, não os criminosos, que ficam, talvez para sempre, com as vidas suspensas.”

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