País

Funcionário da Autoeuropa desabafa nas redes sociais. “Não quero ser escravo”

Rui Miguel Torres, um trabalhador da Autoeuropa, replicou a publicação de um “camarada” sobre o que é trabalhar na empresa, e acompanhou-a de um recibo de vencimento. A publicação tem-se propagado nas redes sociais, arrasando “quem opina sem saber do que fala”.

A Autoeuropa tem estado debaixo de mais uma polémica nas últimas semanas, depois de ser revelado que serão os portugueses a pagar as creches dos filhos dos funcionários da empresa.

A notícia gerou uma onda de comentários das redes sociais, com muitos portugueses a sentirem-se injustiçados por esta medida.

Em resposta aos alegados comentários menos positivos, um funcionário da empresa decidiu replicar um desabafado de “um camarada”, nas redes sociais, numa publicação intitulada de “Farto disto! Já chega!”, onde explica as condições de trabalho e o vencimento que os trabalhadores auferem.

“Sabem lá o que é trabalhar 8 horas por dia numa linha de montagem. Agarrados a um pistolão para soldar que pesa kilos, nas carroçarias. Enfiados numa sala, máscara na cara a tirar cera ao pé de fornos a altas temperaturas, na pintura. Dobrados durante horas, de barriga para o ar, a apertar travões debaixo de um carro, ou de joelhos em cima de chapa viva na montagem final”, escreveu.

A publicação de Rui Miguel Torres continua num tom crítico para aqueles que “opinam sem saber”.

“Com 2 intervalos de 7 minutos (sim, 7) em que tem que se escolher se, se vai à casa de banho, se, se bebe café, ou se come e ou se vai fumar, pois o tempo não dá para mais. Refeição de 30 minutos (sim, 30), dos quais se gastam quase metade na viagem de ida e volta para o refeitório e na espera da refeição. (…) Para ganhar, a média dos operários mais antigos, quase, QUASE 1000 EUROS. Para não falar, das novas contratações que não chegam aos 700 euros. 1800 euros de ordenado? Não digam merda.  Turnos rotativos, sair ao domingo às 00:00; chegar a casa às 01:30 e entrar segunda às 00:00. Muito bom”, sublinha.

O funcionário destaca, em jeito de remate, que os funcionários da Autoeuropa (AE) “sempre trabalharam aos sábados”, mas que desejam “ter o direito de dizer não”.

“Trabalhar aos sábados? Sim, mas paguem. Nós, os trabalhadores da AE, sempre trabalhamos aos sábados, quando nos era pedido.  Nunca negamos.  Mas, sábados obrigatórios? Não obrigado. Quero ter o direito de dizer NÃO! Ter o direito de ter tempo de qualidade com a minha família. Acompanhar a minha filha no desporto. Estar com os amigos. O mais importante: descansar de um trabalho de desgaste rápido. Não quero ser escravo.
Carneiros, não falem do que não sabem. Deslocarem a fábrica pra fora de Portugal? Já vimos esse filme. E baixamos as calças. Perdemos regalias e direitos.  Agora chega”, frisou.

Veja a publicação completa.

Em destaque

Subir