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Falta de enfermeiros em Viseu pode levar a encerramento de camas

A Bastonária da Ordem dos Enfermeiros avisou hoje que se o problema de falta de enfermeiros no Centro Hospitalar Tondela – Viseu não for rapidamente resolvido este poderá encerrar camas para que os doentes não fiquem em risco.

“Não sei se a opção depois será por serviços inteiros ou por determinado número de camas em cada serviço, mas isso tem que acontecer, porque a vida das pessoas está primeiro”, afirmou Ana Rita Cavaco aos jornalistas em Viseu, no final de um encontro com dezenas de enfermeiros.

Ana Rita Cavaco admitiu estar muito preocupada com o processo de passagem de cerca de 12 mil Contratos Individuais de Trabalho das 40 para as 35 horas semanais, que terá de acontecer porque “a Ordem foi para tribunal litigar esse direito, invocando as condições do exercício profissional”.

“Se eu estou a ver que hoje é dia 05 de junho e a partir de 01 de julho eles terão esse direito e não há um único enfermeiro contratado a mais, quando eu sei que para fazer face a isso são precisos, para além das carências todas que já temos, pelo menos mais cerca de 1.700 enfermeiros, é evidente que me tira o sono”, frisou.

A bastonária questionou como é que, nesta situação, a preocupação do ministro é “injetar milhões no Novo Banco e não tem 65 milhões para contratar três mil enfermeiros”.

No que respeita ao Centro Hospitalar Tondela – Viseu, o conselho de administração pediu 60 enfermeiros para enfrentar a passagem às 35 horas semanais, não tendo ainda obtido resposta.

No entanto, para além disso, de acordo com Ana Rita Cavaco, há mais 30 substituições que são necessárias e, com serviços “nos mínimos e alguns abaixo dos mínimos”, são precisos “mais enfermeiros para reforçar a equipa”.

“Portanto, contas feitas, são mais de 100 enfermeiros”, estimou.

Segundo a bastonária, “não é só este hospital, mas todos os hospitais e centros de saúde têm funcionado à custa da boa vontade dos enfermeiros, das horas que eles querem disponibilizar do seu tempo e isso não é correto”.

No Centro Hospitalar Tondela – Viseu, os enfermeiros têm, neste momento, trinta mil horas relativas a turnos que fizeram a mais, devido à falta destes profissionais.

“Trinta mil aqui, porque no país todo elas (as horas) chegam a um milhão”, frisou.

Ana Rita Cavaco disse que, “se os enfermeiros amanhã resolvessem junto de um tribunal exigir todo o seu tempo em folgas, os hospitais fechavam portas”.

Na segunda-feira, meia centena de enfermeiros do Centro Hospitalar Tondela – Viseu e algumas dezenas de cidadãos manifestaram-se à porta do Hospital de Viseu e reclamaram a contratação imediata de mais profissionais, sob ameaça dos serviços colapsarem.

“Tendo em conta as carências que já se vêm sentindo nesta instituição e que, a partir de 01 de julho, os enfermeiros com contrato individual de trabalho passarão das 40 para as 35 horas semanais, era necessário mais uma centena destes profissionais”, disse à agência Lusa Alfredo Gomes, do Sindicato dos Enfermeiros de Portugal.

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