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A estratégia económica que falhou

Autor: João Fortes

Na lógica das estratégias de crescimento, existem, de forma muita geral e básica, duas fórmulas que podem ser aplicadas para incrementar o Produto Interno de um país.

Uma delas baseia-se no consumo, partindo da conjetura que o aumento deste indicador produzirá um aumento da produção de bens e de serviços. Outra estratégia é a do investimento, que tem como premissa a capacidade deste indicador gerar fluxos positivos, tanto internamente como externamente.

Para se ter um enquadramento sobre esta temática e quais as diretrizes que os países seguem, posso adiantar que grande parte das economias que conhecemos, adota uma estratégia mista entre estas duas estratégias.

O Excel de Mário Centeno apostou numa estratégia alinhada quase exclusivamente no consumo, confiando nas dinâmicas naturais do mercado doméstico, contudo, os resultados que nos vão sendo apresentados não são os mais animadores.

Para quem acompanha o panorama nacional, entende que as previsões e revisões do Governo parecem ter finalmente começado a ceder.

O Produto Interno não cresce, prevendo-se um crescimento, de acordo com as projeções internacionais, entre 0,8 a um por cento para o presente ano. Longe do cenário desenhado pelo programa macroeconómico do PS que apontava para um crescimento a rondar os dois por cento.

As importações aumentaram, conduzindo a um agravamento do deficit da balança comercial e por sua vez, promovendo o incremento de divida externa. O investimento está resumidamente estagnado e com essa condição, as dificuldades no desenvolvimento das exportações passarão a ser uma realidade económica do país e das empresas.

É que neste período conturbado, com uma solução governativa segura pelos arames, é muito difícil convencer quem quer que seja a investir em Portugal. Seja pela solução política, pela incerteza das notações financeiras, pelas constantes revisões laborais com principal incidência sobre a possível extensão das 35 horas para o setor privado e com um OE 2017 que parece vir a aumentar, direta ou indiretamente, a fiscalidade das empresas, não se podem esperar milagres para o rejuvenescer do país.

Este Governo entrou com tudo, decidido a apostar no consumo para uma resposta rápida da economia, na reposição de férias, feriados, e afirmando que acabou com a austeridade. Certo é que as dúvidas pairam no ar com a questão da sustentabilidade a longo prazo destas reformas na era da “geringonça”.

Contudo, estou em crer, que nem mesmo o constante disfarçar da situação atual será suficiente para os portugueses acharem que há motivos para festa, pois quando a cabeça não tem juízo, os cidadãos portugueses é que pagam.

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