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Encontros do BAD são oportunidade para direcionar estratégia do banco, afirma Teresa Ribeiro

A secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro, considerou à Lusa que os Encontros Anuais do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) são uma boa oportunidade para direcionar a estratégia do banco.

Estes encontros são importantes “porque primeiro há uma apresentação de prognósticos e previsões para a região em que o banco atua, há também um diálogo com os governadores em que há sempre a hipóteses de levantar questões que podem ser muito decisivas na condução da estratégia do BAD, e todos estes passos podem parecer relativamente voláteis ou pouco concretos do ponto de vista de resultados, mas são muito importantes porque ditam aquele que é o caminho do banco”, disse Teresa Ribeiro em entrevista à Lusa.

Antecipando a participação de Portugal nos Encontros Anuais dos governadores do BAD, que decorrem de 21 a 25 de maio, em Busan, na Coreia do Sul, Teresa Ribeiro acrescentou que “é muito importante que intervenhamos, que digamos que é preciso reforçar os mecanismos de garantia dos bancos, porque atuam numa zona de risco, que é preciso que olhem para outras experiências, como o plano de investimentos externos da União Europeia, e é importante que se veja o alinhamento claro entre as intervenções do banco e a concretização dos objetivos do Desenvolvimento Sustentável”.

A reunião dos governadores do BAD tem como tema ‘Acelerando a Industrialização de África’, e decorre num contexto de crescimento fraco no continente e de dívida pública excessiva.

“Já nos Encontros da Primavera do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, em Washington, isso foi uma mensagem absolutamente fundamental, é preciso que as instituições financeiras multilaterais alinhem as intervenções nas suas circunscrições com a Agenda 2030”, vincou a governante, lembrando que “outra questão que esteve muito presente nas reuniões do FMI é a questão da dívida, que é central em África.

A dívida pública nos países africanos tem subido de forma significativa nos últimos anos, tendo atingido, em média, um rácio de 50 por cento face ao PIB, o que é considerado demasiado elevado face às necessidades de despesas de investimentos em infraestrutura na generalidade destes países.

“A dívida está a crescer precisamente no momento em que lhes é pedido que façam um esforço adicional para o cumprimento dos objetivos do desenvolvimento sustentável”, notou Teresa Ribeiro, vincando que “é preciso distinguir a dívida boa da dívida má, para gastar apenas em despesas correntes”.

A questão da dívida, não sendo o tema central dos Encontros de Busan, “em África é uma preocupação muito grande e portanto temos de olhar para isso e ver que mecanismos temos para equilibrar estas duas necessidades, não fazer disparar a dívida, mas mobilizar fundos para o investimento nos projetos necessários ao desenvolvimento dos países”.

Os Encontros Anuais, seguindo o modelo dos Encontros da Primavera do FMI e do Banco Mundial, são uma das maiores reuniões económicas do continente, juntando chefes de Estado, acionistas de referência no setor público e privado e académicos e parceiros para o desenvolvimento.

O BAD tem projetos em curso nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) de mais de 2 mil milhões de dólares, segundo números desta entidade.

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