Economia

Empreendedores portugueses injetam inovação no pós-venda automóvel

expoMECANICA2015_P323A terceira edição do Salão de Equipamentos, Serviços e Peças Auto respira inovação e uma parceria com o UPTEC vem conferir-lhe uma nova uma lufada de ar fresco. E acrescentar-lhe uma área especial. Será nela que a AddVolt, por exemplo, apresentará o modelo final de uma solução tecnológica que permite aliviar decisivamente a fatura energética – e a pegada ecológica – das empresas que têm a (pesada) logística rodoviária às costas… Já a WALcargo mostrará as últimas funcionalidades do trajeto que segue para vir a ser – nada mais, nada menos – a ‘Google dos transportes’. Para constatar in loco na Exponor, de 15 a 17 de abril, por entre as novidades de 162 agentes económicos do setor e na companhia de 15 mil visitantes profissionais.

As rotas da logística eco-eficiente e do transporte inteligente de mercadorias também se traçam a partir de Portugal para o mundo e usam o expoMECÂNICA – 3.º Salão de Equipamentos, Serviços e Peças Auto para mostrar o que alguns jovens empreendedores nacionais estão a fazer em prol da competitividade empresarial e da otimização de recursos.

É o caso do WeTruck, um sistema elétrico criado pela AddVolt, simples de usar e que para inúmeros operadores económicos com frotas de camiões ao serviço mais parecerá um autêntico ‘ovo de Colombo’ tecnológico. Daqueles que podem dar origem a poupanças de muitos milhares de euros em combustível e, no encalço, do meio ambiente.

Mas também é o exemplo da WALcargo, que engendrou uma plataforma de pesquisa on-line destinada a esbater ainda mais as fronteiras entre todos aqueles que – de uma forma moderna, ágil e desmaterializada – querem deslocar mercadorias globalmente (por via marítima, aérea ou terrestre) e contratar quem oferece o transporte melhor adaptável à medida das especificidades do serviço em causa, maximizando assim a oferta e a procura dos vários intervenientes.

Feira cresce 55 por cento em dois anos…

Ambos os projetos estarão em destaque no novíssimo ‘Espaço UP Innovation’ do expoMECÂNICA. A iniciativa nasce de uma parceria com o UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto para ser o “embrião” que, na feira, “fará a ligação entre os projetos empresariais que saem das universidades – e da mente dos fazedores nacionais – e o mercado real do aftermarket automóvel”, nas palavras de José Manuel Costa, diretor de Desenvolvimento e Projetos Especiais na KiKai Eventos, a organizadora do certame.

Para Cláudia Ribeiro da Silva, responsável pelo Polo Tecnológico do UPTEC, o ‘Espaço UP Innovation’ permite “criar sinergias” que “potenciam benefícios” para as empresas emergentes sediadas na estrutura. “Acreditamos que o evento pode ser um veículo para as startups da área chegarem mais rapidamente a clientes e parceiros”, concretiza.

Ora, o palco dificilmente podia ser melhor para promover o impacto – potencial e real – do empreendedorismo no contexto do pós-venda luso do setor. Isto porque o acontecimento juntará em três dias, de 15 a 17 de abril, na EXPONOR – Feira Internacional do Porto, 162 dos mais representativos operadores da atividade (a exposição cresceu 55,7 por cento em número de expositores, desde que surgiu, em 2014). E a Organização espera receber perto de 15 mil visitantes profissionais, em busca das melhores soluções para os seus negócios.

AddVolt apresenta ao mercado produto final…

Foi essa, aliás, a motivação de Bruno Azevedo, um dos mentores da inovadora solução da AddVolt, em participar no encontro. “Sabemos que o expoMECÂNICA concentra as empresas e os profissionais do pós-venda automóvel e pesados, e, por esse motivo, estamos empenhados em demonstrar as potencialidades da marca e a nossa singularidade a este público”, explica.

A AddVolt já venceu prémios de empreendedorismo com o WeTruck, conseguiu reunir apoios de importantes grupos empresariais, desenvolveu o protótipo e, agora, apresta-se a apresentar no 3.º Salão de Equipamentos, Serviços e Peças Auto o modelo acabado. Pronto a ser instalado nos veículos que, por essas estradas fora, transportam mercadorias refrigeradas. Sobretudo estes (porque com maiores consumos energéticos e emissões de CO2, pois o sistema de controlo de temperatura da carroçaria tem um motor diesel exclusivamente dedicado), mas não só. Isto numa altura em que a fatura energética assume uma importância crítica em muitas atividades dependentes da rodovia, de norte a sul do País. E no estrangeiro.

Ora, o WeTruck “tem capacidade para potenciar reduções nos consumos de diesel que podem evitar a emissão de até 13 toneladas de CO2 por ano, por sistema de refrigeração de cada camião”, garante Bruno Azevedo.

Contabilidade à parte, as valências do WeTruck e os argumentos da AddVolt são cirúrgicos e fáceis de explicar: o módulo armazena energia produzida a partir de painéis fotovoltaicos instalados no topo da viatura, e utiliza aquela gerada pelas travagens e desacelerações para alimentar o sistema de refrigeração em modo elétrico, ou seja, utilizando o próprio camião para gerar energia. “O WeTruck tem flexibilidade para se adaptar às necessidades energéticas de cada veículo, sendo esta determinada mediante uma prévia e cuidada análise dos correspondentes dados de operação”, fundamenta o empresário.

Trata-se, portanto, de uma solução limpa (dado que reduz as emissões de CO2), silenciosa (pois diminui o ruído sistémico habitualmente produzido), não invasiva (porque não altera a estrutura do veículo) e amiga do ambiente (ao poupar combustível), e que pode ser aplicada em qualquer fase do ciclo de vida da viatura. Permite, ainda, menos encargos de manutenção.

Tudo isto é duplamente importante porque o cenário que as empresas têm pela frente até 2020 aponta para um aumento dos custos de energia (numa média de 7 por cento) e, previsivelmente, uma subida nos encargos de fretagem de transporte (na ordem dos 20 por cento), e, inversamente, uma descida nas emissões de carbono permitidas por lei (em 20 por cento) e no preço das baterias (em 60 por cento).

Foram estes argumentos que, para além das parcerias com o UPTEC, a Faculdade de Engenharia da UP e o Programa Carnegie Mellon Portugal, convenceram empresas como a Luís Simões (um dos operadores logísticos de referência em Portugal) e a Reta (empresa especializada há 27 anos no rent-a-cargo e venda de semirreboques, tratores e equipamentos de transporte, com um core-business centrado na manutenção e reparação de viaturas pesadas e comerciais de transporte) a colaborar no desenvolvimento e validação da nova tecnologia, como sublinha Bruno Azevedo.

“O interesse que o mercado nacional (fornecedores e clientes) vem revelando e a recente procura oriunda do mercado alemão têm demonstrado o valor do WeTruck e um importante reconhecimento do trabalho feito”, explica o empreendedor, que, por isso, coloca a Europa Central no trajeto internacional da AddVolt e, também, a expansão da tecnologia aos autocarros no rol das metas de médio/longo prazo. “As grandes transportadoras estão cientes do impacto que uma solução limpa como o WeTruck pode causar na estrutura dos custos operacionais da frota e nas emissões de CO2”, completa.

… e WALcargo apresenta novas funcionalidades

A participação da WALcargo (Water, Air and Land cargo) no expoMECÂNICA, por sua vez, também se explica pela presença na feira de empresas “com um potencial enorme de utilizarem a nossa plataforma, visto tratarem-se de exportadores e importadores”, como enuncia João Silva, CEO desta start-up tecnológica. De resto, a ferramenta (mundialmente disponível 24 sobre 24 horas) estreará no certame – e demonstrará – novas funcionalidades, que têm estado em desenvolvimento nos últimos meses.

O projeto, recorda o gestor, surgiu da troca de impressões com  importadores e/ou exportadores em torno da manifesta dificuldade em encontrar empresas que transportassem as respetivas mercadorias para um determinado destino e sob determinadas condições. A identificação da oportunidade deu em negócio, ajustado aos condicionalismos do métier. E, pelos vistos, ele prospera.

A WALcargo tem “gozado de uma excelente receptividade, tanto por contratantes como por fornecedores”, revela João Silva. Mais: tem elevado de dia para dia o número de empresas de transporte registadas na plataforma, “maioritariamente portuguesas, mas também, espanholas, francesas, angolanas, moçambicanas e, recentemente, uma transportadora iraniana, que operam em todas as partes do Mundo”. De resto, enfatiza o responsável, é notório o surgimento de “mais importadores/exportadores estrangeiros” a pesquisar na WALcargo.

O grande desafio é, por isso, ser “a plataforma de referência de transportes de mercadoria”, ou, como às vezes gostam de referir, o ‘Google dos transportes’.

Mas estes são apenas dois exemplos das (muitas) novidades que o expoMECÂNICA – 3.º Salão de Equipamentos, Serviços e Peças Auto tem em perspetiva para daqui a menos de um mês…

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