Ciência

Embriões humanos modificados eliminam do ADN doença hereditária que provoca a morte súbita

Uma equipa de cientistas modificou embriões humanos, eliminando a informação genética que iria permitir o desenvolvimento de uma doença hereditária. Esta descoberta científica é inédita e abre a porta à eliminação, ainda antes da nascença, de doenças como o cancro, a fibrose cística e o Alzheimer.

No trabalho intitulado ‘Correction of a pathogenic gene mutation in human embryos’, cujo resumo foi publicado pela revista Nature, os cientistas modificaram a informação genética após terem descoberto uma mutação no gene MYBPC3.

Ao usar o CRISPR, uma ‘ferramenta’ que permite alterar regiões do ADN no núcleo das células, os investigadores conseguiram eliminar dos embriões humanos a miocardiopatia hipertrófica, uma doença comum (afeta uma em cada 500 pessoas) e grave, pois conduz à morte súbita, como aconteceu com o futebolista Miklós Fehér no Estádio de Guimarães (em 2004).

Com o sucesso neste trabalho, os investigadores acreditam ter aberto a porta para erradicar, através da ‘correção’ genética ainda antes da nascença, cerca de dez mil doenças, incluindo cancro, Alzheimer e fibrose cística.

O estudo consistiu na injeção do CRISPR e dos espermatozóides de um homem doente nos óvulos doados por mulheres saudáveis.

Durante a fecundação do óvulo, as guias de ARN (o ácido que sintetiza as proteínas) ‘ensinaram o caminho’ às enzimas que iam eliminar a parte defeituosa do ADN. Após esse corte da parte defeituosa, a ‘correção genética’ levada pelo CRISPR foi ‘colada’ ao ADN.

O ensaio foi realizado em 58 embriões, com 42 a ficarem livres da mutação genética responsável pela miocardiopatia hipertrófica, uma doença hereditária que assim deixará de ser passada de pais para filhos.

Os cientistas fizeram ainda questão de realçar que, ao concluírem o trabalho, destruíram todos os embriões.

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