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“É melhor pôr boa parte das poupanças de lado”, diz Pires de Lima

Pires_Lima_CDP_900Ex-ministro da Economia foi o convidado do 100.º debate do Clube dos Pensadores, em Vila Nova de Gaia. Nesta segunda-feira, Pires de Lima não escondeu alguma preocupação, com o novo Governo. “É melhor pôr uma boa parte das poupanças de lado”, disse, antevindo um regresso ao passado.

Joaquim Jorge, fundador do Clube dos Pensadores, convidou Pires de Lima para o centésimo debate.

Por se tratar de um dia especial, de comemoração do 100.º debate, o Clube dos Pensadores interrompeu os debates com os candidatos presidenciais e o convidado de honra foi o ex-ministro da Economia, que abandonou recentemente o Governo de Pedro Passos Coelho e regressou à sua atividade privada.

Sem surpresas, Pires de Lima apontou o dedo crítico ao executivo de António Costa. Não acredita no programa do PS, não crê que as previsões macroeconómicas sejam viáveis, não augura um futuro risonho.

Questionado sobre a capacidade de o novo Governo cumprir as metas do défice em 2016, Pires de Lima foi irónico.

“Vamos ter de pagar para ver, mas é melhor pôr uma boa parte das poupanças de lado para aquilo que possa ser a fatura deste Governo”, disse.

A orgânica do executivo também foi alvo de crítica e suscita dúvidas. Desde logo pelo novo nome para a pasta da Economia.

“Quem representa as empresas no exterior? Quem as ajuda? O novo ministro dos Negócios Estrangeiros? Alguém vê na figura truculenta de Santos Silva uma capacidade de promoção das empresas portuguesas no exterior? O novo ministro da Economia? Uma académico, mas que não tem organicamente responsabilidade de promover as empresas no exterior?”, questionou.

Pires de Lima diz-se também preocupado com a incerteza que este 21.º Governo deixa no Parlamento e que a mesma provoca desconfiança nos investidores. E sem investimento não há crescimento económico.

Diz mesmo que as empresas portuguesas foram despromovidas neste executivo. A diplomacia económica passou de vice-primeiro-ministro para uma secretaria de estado com Santos Silva.

A “ordem de prioridades económicas do atual governo mudou e desta forma voltaremos a ter contas externas negativas, défices externos e uma economia não sustentável”.

“Portugal com o 21.º Governo Constitucional perde a confiança que o 19.º conseguiu recuperar”, realça.

As primeiras medidas aprovadas pela maioria de esquerda no Parlamento não deixam Pires de Lima otimista.

“A começar na Educação. Ao abolir os exames e as retenções de alunos não preparados. Neste caso eu até sou mais radical: o PS está a cometer um crime e mais um experimentalismo na Educação. Os alunos que não têm conhecimentos devem ficar retidos (reprovados, em boa linguagem portuguesa) para que possam recuperar no ano seguinte e, sobretudo, poderem depois acompanhar as matérias dos níveis mais elevados”, defendeu.

Ao não reprovar, “os alunos não só não sabem a matéria do ano em que deveriam reprovar, como não têm condições de acompanhar as novas matérias, desmotivando-os cada vez mais”.

“Quem enterra o futuro do país desta maneira criminosa deveria responder pelo crime cometido”, concluiu.

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