Ciência

Dormir para esquecer é mesmo o melhor remédio. Quem o diz é um estudo norte-americano

“Por que motivo dormimos?” Não faltam teorias para a resposta. A mais recente sustenta que o fazemos para esquecer algumas das coisas que absorvemos durante o dia. Quem o diz são os biólogos da Universidade de Wisconsin-Madison que tentam comprovar que dormimos para o nosso cérebro poder selecionar as memórias do dia.

Dois biólogos desta instituição norte-americana que estão a desenvolver o estudo explicam que os humanos para conseguirem aprender, precisam de fazer crescer as chamadas sinapses, isto é, as ligações entre os neurónios que temos no cérebro, uma vez que são elas as responsáveis por uma emissão rápida e eficiente de sinais entre os neurónios e é lá que guardamos as nossas memórias.

Este estudo, liderado por Giulio Tononi e Chiara Cirelli, foi publicado na revista ‘Science’ e citado pelo ‘The New York Times’. Os investigadores descobriram que, durante o dia, as sinapses crescem de forma excessiva, fazendo com que os circuitos do cérebro fiquem cheios de ‘ruído’. Quando dormimos, o cérebro repara estas ligações para elevar o sinal sobre o ruído.

Os cientistas, há cerca de quatro anos, testaram esta teoria em ratos de laboratório, revelando que as sinapses no cérebro dos ratos que estavam a dormir eram cerca de 18 por cento mais pequenas do que as que existiam no cérebro dos que estavam acordados.

Contudo, houve quem tecesse críticas à teoria, pelo que alguns investigadores afirmaram que não havia provas suficientes para que a teoria fosse sustentada. Um dos críticos foi Marcos G. Frank, especialista no sono, que afirmou que seria difícil assegurar que as mudanças percecionadas pelos cientistas nos cérebros eram causadas pelo sono ou pelo relógio biológico. “É um problema comum nesta área”, disse.

Também Markus H. Schmidt, do Ohio Sleep Medicine Institute, questionou se esta seria a principal explicação para o facto de os seres humanos precisarem de dormir. “Este trabalho está ótimo, mas a pergunta que devemos fazer é: é esta uma função do sono ou é a função?”.

O cientista explicou que existem outros órgãos a trabalhar enquanto dormimos para além do cérebro e que podem interferir no processo de seleção das memórias.

É esperado que no futuro a medicina do sono consiga identificar com precisão as moléculas que estão relacionadas no sono e que asseguram que estas sinapses são suportadas. “Assim que se souber um pouco sobre o que acontece no terreno de base, podemos ter uma ideia melhor do que fazer para encontrar uma terapia”, explicou Giulio Tononi.

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