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Discurso de Joaquim Jorge pelo 100.º debate do Clube dos Pensadores

Pires_Lima_JJ_900O Clube está a caminho de 10 anos. Os debates hoje o seu número 100 são um êxito reconhecido por todos.

Alguns segredos do Clube dos Pensadores – não vou dizê-los todos se não ficam a saber tanto como eu (risos).

Como é possível tal coisa:

1- O importante é o que queres e isso depende da tua personalidade
2- Frequentar o clube é simples, barato e divertido
3- Não deixar ninguém sem o convidado responder-lhe, isto é, sem resposta
4- Fazer as pessoas parar de falar na altura certa e em assegurar que todos têm espaço para dizer alguma coisa
5- Fazer debates estimulantes intelectualmente e em ligar as pessoas aos assuntos e pensarem
6- Pôr os políticos a falar com os cidadãos, no fundo, aproximar uns e outros
7- Um debate que não tenha alguma tensão é uma seca
8- Procuro não cansar e não me repetir
9- Nunca controlar a maneira de pensar de cada um
10- Apesar do clube ser pela diferença, procurar esbater as diferenças entre as pessoas presentes, numa lógica horizontal, sem títulos académicos, em que todos se sintam importantes e respeitados independente do seu grau de instrução e posição social
11- Simplesmente digo o que me parece em cada ocasião, agrade a uns ou a outros, defenda a direita ou a esquerda ou o centro

Momentos interessantes do Clube.

Ter tido um programa no Rádio Clube e um programa de televisão na RTV- A presença de Santana Lopes no seu primeiro acto público depois de ter sido primeiro-ministro e demitido.

Apresentação do meu primeiro livro Clube dos Pensadores em que juntei pessoas de todos os quadrantes políticos: Diogo Feio, Pedro Santana Lopes que me apresentou o livro, Garcia Pereira, João Teixeira Lopes, Luís Montenegro, gente ligada ao ambiente. João Peças Lopes (INESC), Francisco Ferreira (Quercus), gente ligada ao desporto, etc.

A presença de Alberto João Jardim em que todos duvidavam que estivesse presente vindo da Madeira.

A ameaça de bomba com Jerónimo de Sousa em que a sala teve que ser evacuada e vista pela polícia de minas e armadilhas. Mas ninguém arredou pé e fez-se naturalmente o debate.

Miguel Relvas e a tentativa de uma manifestação impedir uma reunião aberta e livre.

Paula Teixeira da Cruz quando houve outra manifestação levantou-se e acercou-se das pessoas para poderem fazer perguntas mas saíram e não quiseram.

Alexandre Soares dos Santos um top dos empresários querer saber como era possível fazer o que fazia.

Belmiro de Azevedo quando o piquei afirmando: se calhar já não tem tanto poder? Deu um salto do sofá e respondeu-me: quem é que lhe disse que não tenho poder?

Odete Santos declamou um texto de Bertold Brecht: O vosso tanque

Com Marcelo Rebelo de Sousa o desligar das luzes e o Tiago Paiva a tocar Violino

Manuel Maria Carrilho perdeu-se e fui buscá-lo parado junto à ponte que dá acesso ao Arrábida Shopping.

A presença de jogadores de futebol: Ricardo Costa e Reinaldo Teles. Nunca tinham estado no clube tantos guarda-costas e fiquei a saber que um jogador que seja apanhado na rua até tarde paga uma multa pecuniária.

Debates que estiveram para acontecer

Tive para ter o José Mourinho quando saiu do Porto e depois foi para o Inter de Milão foi-me pedido por Eládio Paramés que o debate fosse em Lisboa.

A presença de André Villas-Boas mas no dia do debate partiu para a Rússia para orientar o Zenith.

Carlos Queiroz respondeu afirmativamente que gostaria um dia de estar no Clube. Pôs-se essa hipótese antes de renovar pelo Irão.

Sempre a pressionarem-me para dar o exclusivo ou preferência destas sessões a um órgão de comunicação social. Nunca o aceitei. Respeito muito todos os profissionais da comunicação social, para mim são todos iguais desde o maior ao mais pequeno. Tudo ajuda a divulgar o que se faz no Clube.

Momentos difíceis do clube.

Ter acabado o programa de Rádio Clube dos Pensadores na rádio clube de Matosinhos que tinha 5 anos e era um êxito reconhecido por todos. Em directo e com os ouvintes a entrarem em antena.

Falta de apoio humano e monetário; a solidão neste projecto.

Dificuldades em passar a mensagem antes dos debates acontecerem. Toda a gente diz que ajuda e chega a hora desaparecem.

A dificuldade de manter esta elevada fasquia. Estar no norte, no Porto a falar para o país.

Os elogios e a presença das pessoas é bom, mas não chega é preciso acção e fazer acontecer.

Muita inveja e querer destruir este projecto.

Sugestões de amigos do Clube.

Sugestões de Miguel Cadilhe para se fazer um anuário com as intervenções no Clube

Compilar os vídeos do que aqui se diz

Compilar as fotos todas dos debates e fazer uma exposição

O CdP ao convidar pessoas de todos os quadrantes políticos, ao longo destes anos, procura fazer ver que para além dos partidos políticos estão os portugueses e Portugal. O partido do CdP é Portugal.

O impasse político que se viveu em que há uma forte clivagem direita/esquerda é prejudicial ao país e lembra os tempos negros depois do 25 de Abril. Todos falam em nome dos seus partidos e dos seus interesses pessoais, esquecendo-se do que é melhor para os portugueses.

Contudo sinto-me cansado, esgotado e consumido por tantos debates tantas canseiras, tantas programações, tantas análises, tanta responsabilidade. Estou exausto! Temo sempre não conseguir fazer.

Fazer o que faço, fico muito exposto e com uma visibilidade, em que tudo é questionado e criticado sem se ir à essência desta ideia. E é difícil conseguir defender-me

A aquiescência dos portugueses ao Clube dos Pensadores é notável, ao contrário do habitual que é a desaprovação.

Todavia, estou cansado que me acusem de segundas intenções do que faço há quase 10 anos e ter que estar sempre a provar.

Eu, pelo que já fiz, tirei com toda a certeza um ticket de cidadania para sempre, na democracia portuguesa.

O Clube é uma referência nacional é um open mind erudito e popular. Desculpem a presunção ficará na história da democracia.

Não vou continuar a fazer debates toda a vida. Tenho vida própria, gosto do que todos gostam: não ter preocupações e deixar a vida fluir calmamente.

E, vou contar-vos um segredo: gostava de ter um amigo como o Joaquim Jorge que é um carola que faz uns debates com gente “importante”, não se paga nada, está-se confortavelmente alguns com lugar marcado, até dá para aparecer na televisão, pode-se intervir, conhece-se gente interessante e aprende-se qualquer coisa. Por fim, não há obrigações nem compromissos.

Hoje, amanhã, não terei desculpas e se algo falhar as culpas virão para cima de mim. Nada pode estar mal ou menos bem.

O meu compromisso é continuar até o clube fazer 10 anos em Março de 2016. Depois, não sei, logo se verá.

O clube precisa de um novo impulso e não estagnar e ficar sujeito ao princípio de Peter, precisa de se internacionalizar, etc.

O Clube exige a excelência.

Obrigado.

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