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Crónica de MEC deixa redes sociais em alvoroço

O escritor assinou uma crónica irónica, no Público, recorrendo à mais refinada ironia. O problema é que nem todos compreenderam esta figura de estilo. A reação nas redes sociais foi tão dura que o próprio Miguel Esteves Cardoso sentiu necessidade de esclarecer o assunto.

‘Arrepia, Catalunha’ é o título de uma crónica de Miguel Esteves Cardoso, publicada na semana passada, no jornal Público. Um texto brilhante, tão brilhante como todos os textos do escritor. Porém, carregado de ironia, refinada, ao ponto de inúmeros leitores não detetarem a presença de uma figura de estilo: a ironia, em que se escreve exatamente o que se pensa.

O tema é a Catalunha, sendo que Miguel Esteves Cardoso faz um paralelo com a independência de Portugal relativamente a Espanha.

“Portugal, quando se tornou independente da Espanha em 1640, perdeu a oportunidade de fazer parte de um grande país de dimensão europeia. Nunca recuperou. Não foi só o ter ficado mais pequenino, um mero campo de ténis à beira-mar, perdido na extremidade ocidental da vasta Península Ibérica. Isolou-se e não foi reconhecido por nenhuma das grandes potências”, escreve o autor.

Na mesma crónica, Miguel Esteves Cardoso elogia os portugueses, com um insulto irónico.

“É verdade que, quase 400 anos depois, há portugueses que preferem ser independentes da Espanha. Mas é uma gente obstinada, rancorosa e estúpida, incapaz de reconhecer que a Espanha é mãe de muitas nações que, com a sabedoria carinhosa que é a maternal, trata os filhos com amor idêntico, multiplicado pela quantidade deles, seja essa qual for”, escreveu.

A questão é que a crónica foi lida à letra, porque a ironia estava bem disfarçada. Leia aqui o texto.

Não, Miguel Esteves Cardoso não estava a insultar os portugueses, nem a criticar a independência de Portugal. Pelo contrário. Estava a elogiar. A dizer exatamente o contrário, graças àquela figura de estilo que pulula nas redes sociais.

A genialidade da escrita de Miguel Esteves Cardoso impediu, no entanto, que a sua mensagem fosse lida com correção. E alguns (muitos) leitores partiram para o insulto.

A onda de insultos cresceu de tal forma que o próprio MEC sentiu necessidade de esclarecer a sua intenção.

“A minha crónica é uma ironia, correspondendo exactamente ao contrário do que penso ser a verdade sobre a independência de Portugal: que obviamente valeu a pena – e de que maneira”, escreveu o autor, num comentário a um post no Facebook.

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