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Começa a contagem dos votos em Timor-Leste, em que as redes sociais são mais rápidas que a oficial

A contagem dos votos nas eleições legislativas de hoje em Timor-Leste está a decorrer em todos os municípios do país, num longo processo que vai ainda demorar várias horas e em que as redes sociais vão ‘batendo’ os dados oficiais.

Com a contagem já terminada em vários dos locais com menos eleitores do país e fiscais de vários partidos a enviarem, de imediato, esses resultados para as suas máquinas em Díli, pouco tempo depois do fecho das urnas já surgem dados parciais.

Tudo serve para ir comunicando um escrutínio em que, oficialmente, o Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) só deverá começar a divulgar dados oficiais dentro de várias horas.

Para que isso ocorra, a contagem tem que terminar nos locais de votação, as urnas têm que ser levadas para a sede de município e só depois de confirmadas as atas é que os dados são divulgados pelo STAE na sua sede em Díli.

Até lá, mensagens pelo Facebook, fotos de papeis manuscritos, contas feitas à mão – a contagem vai sendo dada, parcialmente, com pelo menos uma tendência em comum: a maioria dos votos está a ir para as duas forças favoritas: a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) e a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).

Uma tendência que se confirma numa visita a qualquer centro de votação na capital onde os números das duas forças no boletim de voto – 4 da Fretilin e 8 da AMP – são os mais repetidos.

Numa das salas de aula da Escola 30 de Agosto, na zona oriental da cidade, vários observadores, fiscais partidários e oficiais eleitorais, sentados no chão, vão escrevendo, risco a risco, os números que o funcionário eleitoral vai cantando: “quatro, oito, oito, quatro”.

De quando em vez, mas muito mais raramente, um voto no “dois” do Partido Democrático ou, ainda mais raramente, no “sete” da Frente de Desenvolvimento Democrático (FDD).

A diferença entre as duas maiores e as duas seguintes é, pelo menos na 30 de agosto, bastante significativa: a AMP tinha 110 votos, a Fretilin 90, o PD só tinha 12 e a FDD oito.

Pelo menos aqui, duas horas depois do fecho das urnas, ainda mais nenhuma das outras quatro forças políticas concorrentes tinha tido votos.

A Escola 30 de Agosto, próximo da rotunda onde está a estátua de um dos heróis nacionais, Nicolau Lobato, faz parte do suco de Comoro, o que tem o maior número de eleitores em Timor-Leste.

Só em Comoro (onde há oito centros de votação e 21 estações de voto) estão recenseados 28.416 eleitores. A zona faz parte do posto administrativo de Dom Aleixo, o que tem mais votantes no município da capital: são 71 mil ou quase metade de todos os do município.

A contagem de votos é um processo demorado e cheio de ritual.

Momentos antes do fecho das urnas, por exemplo, alguns oficiais eleitorais ainda perguntavam no recinto se havia mais eleitores.

“Rápido, rápido. Está a fechar”, dizia uma das jovens do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) destacada neste centro de votação.

Depois o responsável eleitoral declarou o fecho das urnas e em cada uma das salas de aula onde funcionaram as estações de voto começou o longo processo antes sequer de se começar a contar votos.

Primeiro há que anular, com um carimbo com as palavras “La Uza” (Não utilizado, em tétum), cada um dos boletins de voto que não foi necessário: foram impressos mais 10 por cento do que os eleitores e, por isso, há muito a carimbar.

Depois são seladas as entradas das urnas, verificados os números de série dos selos usados, comprovados quantos boletins foram necessários e quantos não foram e assinadas as primeiras atas.

Cada processo de certificação é concluído em cada uma das salas de aula e depois, perante os olhares dos fiscais partidários, oficiais eleitorais e observadores, as urnas são transportadas para a maior sala de aula.

E ali abertas para começar a ouvir cantar os números e a ver escrever os riscos, em grupos de cinco, num papel branco colado sobre o quadro da escola.

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