Uma pesquisa revela que alimentar bebés com produtos à base de amendoim reduz riscos de alergias ao próprio amendoim. Investigadores dos Estados Unidos e do Reino Unido confirmam estudo anterior e chegam mais longe: a proteção prolonga-se por toda a vida.

Os amendoins são legumes semelhantes com outros alimentos da família das leguminosas, como ervilhas, lentilhas, grão-de-bico e outros feijões, e ao contrário do que se possa pensar não são frutos secos.

Um estudo publicado na revista científica New England Journal of Medicine, realizado por investigadores dos Estados Unidos e do Reino Unido, associa o consumo do amendoim, nos bebés, a uma diminuição do risco de alergias ao próprio legume.

Uma pesquisa recente, realizada no ano passado, já tinha confirmado os benefícios do amendoim na prevenção de alergias. Mas agora os cientistas chegaram mais longe. A proteção de longo prazo pode ser assegurada, mesmo que as crianças deixem de consumir produtos à base de amendoim durante longos períodos de tempo.

Para a realização deste novo trabalho, os investigadores acompanharam 550 crianças – consideradas sob risco de desenvolver alergias, por terem padecido de eczema quando eram bebés – tiveram como base a pesquisa realizada em 2015, no qual se verificou que as crianças alimentadas com lanches à base de amendoim apresentavam menos alergias.

Agora, determinou-se que se o alimento fizer parte da dieta durante os 11 primeiros meses de vida, a criança ficará protegida, mesmo que deixe de o consumir durante um ano.

Em declarações à BBC, Gideon Lack, um dos principais autores deste novo estudo, ainda que seja preciso aprofundar esta investigação, há dados que são desde já garantidos.

“Acreditamos que o medo das alergias alimentares é o que chamamos de profecia autorrealizável: o alimento é excluído da dieta e, como resultado, a criança não desenvolve tolerância”, assinala Lack.

“A introdução precoce de amendoim nas dietas de crianças com alto risco de desenvolver alergia ao amendoim reduz significativamente o risco de alergia ao amendoim até 6 anos de idade, mesmo que elas parem de deixem de colocar o legume na dieta nesta idade”

Os autores do estudo recorreram às mesmas crianças que foram avaliadas na pesquisa anterior, na qual metade foi alimentada à base de amendoim e a outra só recebeu leite materno.

Segundo os cientistas, aos 6 anos não havia aumento estatístico significativo em alergia após 12 meses de interrupção no consumo nas crianças que tinham tomado amendoim.

“Os resultados mostram uma nova maneira de analisar os mecanismos de tolerância para comidas alergénicas em crianças sob risco”, afirma Barry Kay, cientista do Imperial College, em Londres.

Todos os anos há 20 mil bebés diagnosticados com alergia ao amendoim nos EUA e no Reino Unido. Entre 1995 e 2005, o número de diagnósticos triplicou. Os investigadores salientam que os métodos de deteção permaneceram inalteráveis.