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Cientista portuguesa envolvida na descoberta de célula que “liga e desliga” os genes

Uma equipa de cientistas descobriu que existe uma proteína que “liga e desliga” genes no momento em que as células se dividem. Esta descoberta ajuda a entender como combater o cancro.

Foi descoberta uma proteína, por uma equipa de investigadores da Universidade de Brunel, que está relacionada com a divisão celular que também regula os mecanismos de controlo que “ligam e desligam” os genes. A descoberta teve o auxílio de uma cientista portuguesa, Inês Castro, que explica que a Repo-Man funciona, dentro das células, como um regulador da intensidade da luz que decide quando é que um gene é expresso e quando é que fica silenciado. Com esta descoberta é esperada a criação de tratamentos mais eficazes contra o cancro.

O processo em que uma célula origina duas células-filhas com o mesmo número de cromossomas que a primeira é designada por divisão celular. Esta divisão inicia-se quando a célula-mãe recebe sinais que o ordenem. “Entre muitos desses sinais está a adição de grupos fosfato por proteínas chamadas as quinases”, explicou Inês Castro ao Observador.

A cientista continua a explicar que esses “grupos de fosfato ligam-se a um dos componentes da cromatina, nome dado ao conjunto composto pelo ADN e pelas proteínas que se associam a ele”. O componente é então a “histona H3”.

Após o nascimento das células-filhas, estas precisam de se desenvolver e aumentam de tamanho, pelo que ganham mais componentes. Deste modo, os grupos de fosfato que se ligaram às quinases têm de desaparecer, que é garantido através da enzima chamada fosfatase. A função da Repo-Man é descolar os grupos de fosfato da histona H3 no final da divisão celular, o que deixa a cromatina das células-filhas prontas a serem utilizadas.

Até este dia era desconhecida a real função da Repo-Man no final da divisão celular. No entanto, os cientistas britânicos concluíram que esta nunca deixa a histona H3, tendo ainda a capacidade para a modificar.  “Quando termina a divisão celular e as células-filhas são finalmente formadas, o nosso ADN tem de ser reparado de todas as alterações brutalíssimas que sofreu durante o processo. Aqui os cromossomas ocupam diferentes espaços dentro do núcleo e organizam-se duma maneira em que cromatina menos expressa se separa da cromatina que será mais expressa”, explica a Inês Castro.

Esta descoberta é então importante, uma vez que ajuda os cientistas a compreender como podem reparar anomalias genéticas. O que acontece frequentemente em casos de cancro, que podem estar diretamente relacionados com desregulações na Repo-Man.

“Sabendo que tem esta função de controlar os níveis de expressão dos nossos genes, podemos imaginar que se tiver em quantidades anormais também pode desencadear situações cancerígenas”, diz Inês Castro ao Observador.

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