Ciência

Cientista português distinguido com o prémio Louis-Jeantet de Medicina 2017

O cientista português Caetano Reis e Sousa foi um dos dois profissionais europeus distinguidos com o prémio Louis-Jeantet de Medicina 2017. Recebeu ainda um prémio monetário no valor de 700 mil francos, cerca de 653 mil euros.

O português Caetano Reis e Sousa, líder de um grupo de investigação no Instituto Francis Crick em Londres, foi distinguido com o prémio Louis-Jeantet de Medicina 2017. Para além dele, Silvia Arber, professora de Neurobiologia na Universidade de Basel, na Suíça, foi a outra investigadora a ser distinguida com um dos prémios mais conceituados da área da Medicina.

De acordo com o comité, ambos foram escolhidos por liderarem uma “investigação biológica fundamental que se espera que tenha um impacto relevante na medicina”.

Caetano Reis e Sousa, especialista em imunologia, em declarações à agência Lusa, disse estar “feliz por receber este prémio”, para o qual foi nomeado sem saber.

“Não sabia de nada, porque eles não informam as pessoas que são nomeadas. Recebi um telefonema do secretário do comité do prémio [a revelar que tinha ganho] e não estava nada à espera”, confessou.

Segundo o cientista, o prémio “visa contemplar o trabalho da minha equipa ao longo dos anos” pelo que “é uma forma de reconhecer a nossa contribuição em termos de investigação fundamental em biologia com aplicação prática no campo da medicina”.

Do prémio monetário que recebeu, 583 mil euros terão de ser aplicados no trabalho, pelo que o cientista prevê que será usado para “contratar pessoal, comprar reagentes e talvez algum equipamento que seja preciso”.

Caetano Reis e Sousa nasceu em 1968 em Lisboa, mudou-se para o Reino Unido em 1984, onde terminou os estudos secundários. Após isto, começou a estudar Biologia no Imperial College em Londres e tirou um doutoramento em Imunologia em Oxford. Também já trabalhou nos Estados Unidos da América.

No Reino Unido é o líder de um grupo que tem estudado “a maneira como o sistema imunitário responde à presença de uma infecção ou ao desenvolvimento de um tumor”.

“Os nossos esforços neste momento centram-se sobretudo na análise das células dendríticas, que são glóbulos brancos que detectam sinais de infecção ou sinais de transformação, que é o processo que leva ao cancro”, explicou.

O cientista português já ganhou vários prémios e distinções, como a Ordem portuguesa de Sant’lago da Espada. No entanto, o cientista salientou que a sua equipa faz a investigação sobre o funcionamento do organismo, mas não é responsável pela aplicação prática.

“Nós dedicamo-nos sobretudo a determinar quais são os processos fundamentais usados pelo sistema imunitário que depois podem ser talvez explorados no âmbito de criar novas terapias ou vacinas”, concluiu.

O prémio Louis-Jeantet de Medicina distingue investigadores científicos a trabalhar em países membros do Conselho da Europa e “não se destina a celebrar trabalhos concluídos, mas a financiar projetos inovadores com alto valor acrescentado e impacto prático mais ou menos imediato no tratamento de doenças”.

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