Putin deixou um avisou à Ucrânia e à Europa. Aos vizinhos, o Presidente da Rússia disse não acreditar que desejem o “cenário apocalíptico” de uma guerra entre ambos. Sobre os parceiros europeus, afirmou que “ninguém necessita de um conflito na periferia da Europa”.

E se um dia os russos acordassem com a notícia de que a guerra com a vizinha Ucrânia era ‘real’? Este “cenário apocalíptico” foi ontem abordado pelo Presidente da Rússia, Vladimir Putin, numa entrevista para a Rossiya 24 em que garantiu acreditar não ser essa a vontade dos vizinhos ucranianos.

“Acho que esse cenário apocalíptico dificilmente é possível e acredito que nunca se chegará a isso”, afirmou o ‘czar’, quando confrontado com as recentes declarações do homólogo ucraniano, Petro Poroshenko, sobre a necessidade da Ucrânia “recuperar” a Crimeia, a província que se separou para aderir à Federação Russa.

Desprezando as “afirmações de caráter vingativo” do Presidente ucraniano, Putin deixou um aviso, embora com a máscara de “conselho”: “Não quero dar conselhos, mas as autoridades de um Estado europeu tão grande como a Ucrânia deveriam ocupar-se, em primeiro lugar, em normalizar a vida no país”.

Um país que continua em guerra civil, com a população das regiões mais a leste, alegadamente instigadas, financiadas, treinadas e armadas pela Rússia, a exigirem a “independência”, ou seja, passarem para a soberania russa.

Vladimir Putin afirmou que o regime ucraniano “tem de respeitar” a decisão dos eleitores da Crimeia, que votaram em referendo a independência da Ucrânia.

Face à posterior adesão à Federação Russa, decidida também pela população da Crimeia, “a Rússia não pode ter outra postura” senão ‘açambarcar’ a antiga província ucraniana, continuou o chefe de Estado russo.

Criticando Petro Poroshenko por tentar “atribuir a culpa à Rússia”, que justificou como sendo “tentativas de justificar a derrota” na Crimeia, Putin condenou “as tentativas de atiçar um conflito entre Rússia e Ucrânia”, embora manifestando esperança numa resolução pacífica.

“Se os acordos de Minsk foram cumpridos, tenho certeza que a situação se normalizará paulatinamente”, garantiu o Presidente russo.

Na mesma entrevista, concedida ao canal estatal, Putin deixou um aviso aos países europeus que têm apoiado publicamente a Ucrânia: “Ninguém necessita de um conflito na periferia da Europa, muito menos um armado”.