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Catarina Furtado: “Agora existe liberdade para denunciar o assédio”

Catarina Furtado explicou a ‘demora’ na revelação de que foi vítima de assédio sexual. “Existe agora uma espécie de libertação e proteção” para as denúncias, salientou.

Num longo desabafo publicado nas redes, depois da entrevista em que assumiu o momento em que foi assediada como o mais embaraçoso, a apresentadora contextualizou a oportunidade em que fez tal revelação.

“Porque é que até então nunca o tinha dito? Porque de facto nunca calhou e porque de facto existe agora uma espécie de libertação e protecção sobre esta questão”.

À data em que foi vítima de assédio, Catarina Furtado era uma jovem “cheia de vontade de provar que gostava de trabalhar”.

Não era, ainda, uma “mulher forte e conhecedora do mundo real”, tendo sido apanhada de surpresa pelo assédio “por pessoas com funções hierárquicas acima da minha”.

“Queria dar o meu melhor, agarrando os meus sonhos. Com mini-saia, de calças, de vestido decotado ou de fato de treino ou gola alta”.

Hoje em dia, é possível falar de assédio “sem medo” de represálias profissionais. Quando foi vítima, Catarina Furtado teve de “dizer ‘Não’ com medo e fingindo que não estava a perceber, arranjando desculpas e sorrindo para não nascerem conflitos irreparáveis”.

“Inconscientemente, sabia que eram situações que não seria suposto contar a ninguém”, insistiu.

Outro motivo para a apresentadora ter finalmente relevado a situação é o contexto familiar. “Tenho uma filha e uma enteada”, lembrou.

Agora, há uma “oportunidade única” para colocar o assédio sexual em debate. Para desconstruir comportamentos até aqui aceites “debaixo de um silêncio muito desconfortável”.

“O que não se falava há uns anos, felizmente já se pode falar. Conquistou-se um espaço”, salientou.

Catarina Furtado lembra, porém, que “ainda não existe esse respeito em Portugal”.

Basta ver os “comentários agressivos” que grassam nas redes sociais quando uma mulher faz “uma partilha difícil”.

“Infelizmente, a nossa sociedade ainda precisa de um debate sério, sem ataques mútuos, sobre os nossos comportamentos cívicos”, concluiu Catarina Furtado.

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