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Cancro vai matar mais 60 por cento de mulheres dentro de 14 anos

Cancro_Celulas_Cancerigenas_900As mortes de mulheres provocadas por cancro vão ser, em 2030, 60 por cento superiores às atuais, de acordo com um estudo agora divulgado.

Nas previsões dos especialistas da American Cancer Society (ACS), o contínuo aumento das mortes associais ao cancro vai fazer cerca de 5,5 milhões de vítimas ao longo da próxima década e meia: é como se desaparecesse metade da população que vive em Portugal.

“A comunidade global não pode continuar a ignorar o problema”, avisa Richard Sullivan, professor universitário do King’s College (Londres) e o principal autor do estudo: “Centenas de milhares de mulheres continuam a morrer desnecessariamente todos os anos”.

Ao nível atual, o cancro mata uma em cada sete mulheres. Só os acidentes vasculares fazem mais vítimas mortais.

O cancro da mama é o mais letal e ‘promete’ manter essa posição até 2030, de acordo com o estudo da ACS, apresentado em Paris e cujo resumo foi agora publicado na revista Lancet.

Depois dos 1,7 milhões de casos diagnosticados no ano passado, as estimativas apontam para 3,2 milhões de novos casos de cancro da mama em mulheres quando chegarmos a 2030.

O cancro do útero, diz também o relatório da ACS, deve aumentar “pelo menos 25 por cento” ao longo dos anos, atingindo “mais de 700 mil casos em 2030”.

Em Portugal, o cancro também está em em principais causas de morte. Os dados de 2013 referem um óbito em cada quatro, mas uma análise à população com menos de 65 anos permite constatar que o indicador dispara para quase metade, fixando-se nos 40 por cento.

Face ao envelhecimento da população residente, a tendência é para que estes números se agravem, lembram os especialistas.

A nível mundial, é nos países pobres que o impacto do cancro mais se faz sentir, em especial entre as mulheres.

Em 2012, 56 por cento dos 6,7 milhões de diagnósticos e 64 por cento das 3,5 milhões de mortes ocorreram em países menos desenvolvidos.

Nos países mais desenvolvidos, as mudanças económicas têm tornado os cancros “mais comuns”, apontam os autores do estudo.

O trabalho da ACS destaca o facto de quatro dos tipos mais mortais de cancro (mama, intestinos, pulmão e colo do útero) serem facilmente detetáveis e tratáveis num estágio inicial.

As medidas de prevenção têm ainda a vantagem de apresentarem uma relação de custo-eficácia muito superior aos custos associados aos tratamentos.

É o caso da vacina contra o vírus do papiloma humano, que poderia evitar cerca de 420 mil mortes (ao longo de uma geração) se fosse administrada a todas as crianças que ainda não completaram os 12 anos de idade.

“Para os que enfrentam a doença agora é preciso investir em tratamentos eficientes e em cuidados paliativos”, conclui o estudo, sublinhando que “a vigilância e investigação para a prevenção e tratamento continuam a ser indispensáveis”.

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