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E se uma bomba nuclear caísse em Lisboa? Ou no Porto?

O aumento da tensão entre Coreia do Norte e EUA (e Coreia do Sul, Japão, China, etc.) fez reacender o medo de uma catástrofe nuclear, cujos efeitos seriam planetários. Mas o que aconteceria no cenário (altamente improvável) de uma bomba nuclear cair mesmo em Portugal, em Lisboa ou no Porto?

Os efeitos de uma bomba de hidrogénio de 60 quilotoneladas, semelhante à que a Coreia do Norte terá testado no último domingo, podem ser medidos através de uma ferramenta virtual criada por um historiador nuclear.

Preocupado com a despreocupação dos jovens norte-americanos, inconscientes do que todo o mundo sofreu quando duas bombas atómicas caíram no Japão, Alex Wellerstein desenvolveu um mapa que mostra os efeitos de uma bomba nuclear em qualquer ponto do mundo.

“Os estudantes hoje em dia quase não conseguem conceber o que são as armas nucleares e o que estas podem fazer”, justifica o historiador e docente: “O Nukemap ajuda a calibrar o medo do nuclear. Quando os meus estudantes vêem que a bomba de hidrogénio destrói toda a região metropolitana de Nova Iorque, provocando imediatamente milhões de mortos e feridos, o som da audiência mostra-me que [os alunos] foram atingidos em cheio”.

Para nós, portugueses, o dramatismo não é assim tanto: afinal, há um imenso oceano Atlântico a separar-nos de Nova Iorque. E essa é a grande vantagem do Nukemap, pois permite-nos visualizar os cenários, altamente improváveis, de uma bomba nuclear semelhante à testada agora pelos norte-coreanos cair em Lisboa ou no Porto.

Veja o mapa dos efeitos em Lisboa.

Veja o mapa dos efeitos no Porto.

Como o Nukemap mostra, uma bomba nuclear de 60 quilotoneladas em Lisboa provocaria a morte imediata de 61 mil pessoas, número que Alex Wellerstein refere ser quase sempre uma previsão por baixo. Nas primeiras 24 horas, o número de feridos deveria superar os 353 mil.

Os ventos levariam a nuvem tóxica por Samora Correia e Benavente, ladeando Santarém enquanto avançava por Abrantes, chegando quase até… Castelo Branco!

No Porto, a bomba mataria imediatamente mais de 58 mil pessoas, deixando quase 400 mil pessoas expostas à radiação nas primeiras 24 horas. Um número superior ao do cenário lisboeta face ao impacto do estuário do rio Tejo, para onde o vento desviaria parte da radiação.

A onda térmica da explosão chegaria quase ao centro de Gaia, à Senhora da Hora e a São Mamede de Infesta. A nuvem tóxica seria levada pelo vento até ao outro lado da fronteira, bem perto de Ponferrada.

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