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Autárquicas: O dia seguinte ao suicídio político de Passos Coelho

O PS aproveitou as primárias para se tornar na maior força política do país, assistindo ao brutal trambolhão do PSD. O Bloco de Esquerda não conquistou uma única Câmara, mas a CDU perdeu vários bastiões históricos. Assunção Cristas festejou como se tivesse ganho Lisboa (e felicitou Medina), dada a boa prestação do CDS.

As autárquicas ditaram o suicídio político de Passos Coelho. O ainda presidente do PSD assume a pesada derrota do partido nas “308 eleições” de ontem, mas recusa renunciar. Não precisa: os ex-presidentes Ferreira Leite e Marques Mendes já fazem as leituras sobre os putativos sucessores.

“A única dúvida é a hora a que Passos Coelho se demite”, acrescentou José Miguel Júdice.

Afinal, a noite das autárquicas foi um tsunami rosa em Portugal. Exceto no Porto, onde Rui Moreira arrasou o antigo parceiro de coligação e obteve a maioria absoluta que não conseguiu em 2013.

O PS ganhou Lisboa, como era esperado por Medina, e manteve outras nove câmaras no distrito. A quase-surpresa ocorreu em Oeiras, onde Isaltino Morais, como já circula nas redes sociais, deu um exemplo de sucesso na reintegração dos ex-reclusos na sociedade.

Por falar em antigos presidentes que voltaram a ir a votos, Narciso Miranda perdeu Matosinhos para o PS, tal como Valentim Loureiro em Gondomar.

No campo socialista, Basílio Horta chegou à maioria absoluta em Sintra e Hugo Martins em Odivelas. Dois resultados que atenuam Lisboa, onde Fernando Medina não conseguiu a maioria absoluta e deverá ter de coligar-se com o (finalmente) eleito do Bloco de Esquerda.

Ainda por Lisboa, Assunção Cristas bateu o PSD, reduzido à posição de terceira força política. Como há cerca de três décadas, quando o centrista Krus Abecasis era o nome forte à direita.

Ali ao lado, o fenómeno André Ventura foi ‘apenas’ terceiro, atrás da socialista que o elogiara como “um bom vereador”. O triunfo voltou a ser de Bernardino Soares, mas a CDU falhou novamente a maioria absoluta.

A derrota da CDU só não tem sido falada devido ao descalabro absoluto do PSD. A coligação perdeu nove câmaras, oito delas para o PS. Almada ‘virou’ rosa por apenas 213 votos!

Na outra ponta do espectro político, “uma noite histórica para o CDS”. Derrotada em Lisboa por Medina, Assunção Cristas pode gabar-se do melhor resultado na capital e juntou Oliveira do Bairro aos cinco municípios que revalidou.

Para o fim, o PSD. O partido mais votado nas legislativas, como lembrou Passos Coelho, perdeu nas “308 eleições” de ontem, obrigando Passos Coelho a “uma leitura nacional” daquele que foi “um dos piores resultados de sempre”.

“Não me demito nem esta noite, nem amanhã, nem depois de amanhã”, garantiu Passos Coelho, que ainda em campanha era criticado dentro do PSD pela má preparação das autárquicas. Rui Rio, em casa, deve ter rasgado um sorriso. E Luís Montenegro, que pensava aguentar na ‘prateleira’ até às legislativas de 2019, terá de antecipar a tomada de posição na corrida à liderança do PSD.

“A única dúvida é a hora a que Passos Coelho se demite”, comentou ontem José Miguel Júdice, um dos mais conhecidos ‘barões’ do PSD.

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