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“Apreciava o estilo de Sócrates”, diz ex-procurador-geral da República

Pinto Monteiro, antigo procurador-geral da República, revela que enquanto comandou aquela instituição não encontrou provas para mandar prender José Sócrates e confessa até que “apreciava” o estilo com que o então primeiro-ministro colocava as questões em reuniões de trabalho.

Desde logo, uma clarificação que Pinto Monteiro deixa quanto ao tempo em que liderou a Procuradoria-Geral da República (PGR): “Foi tudo investigado, não houve uma única coisa que não fosse investigada”.

Em entrevista à Renascença e ao Público, o antigo chefe dos magistrados do Ministério Público sublinha que ouviu as cassetes do processo ‘Face Oculta’, que foram mandadas destruir… pois nada havia lá.

“Não havia nenhuma razão para o prender [Sócrates]. Se agora há, fizeram bem. Agora, no meu tempo não havia”, assegurou, revelando que “todas as investigações deram zero”.

Almoço com Sócrates? “Falámos de banalidades”

O antigo procurador deixou ainda a garantia de que José Sócrates foi “tratado como era tratado o médico, o pedreiro, o pintor”.

Nesta longa entrevista, Pinto Monteiro comentou ainda o célebre almoço tido com José Sócrates.

“Falámos de banalidades, fui-me embora e passados dois dias telefona-me o meu sobrinho: “Epá, sabes quem é que está a ser preso?””

Pinto Monteiro explicou ainda que esteve em várias reuniões de trabalho com José Sócrates, quando este era primeiro-ministro, e confessa agora que o estilo do socialista lhe agradava.

“E, devo dizer-lhe – sem medo, não tenho medo nenhum de nada -, eu apreciava o estilo dele.”

Segredo de justiça

Nesta entrevista ao Público e à Renascença, Pinto Monteiro falou sobre a questão do segredo de justiça, que diz “não existir”, enquanto magistrados, polícias e jornalistas tiverem contacto direto.

“Só pode violar o segredo de justiça quem conhece e quem conhece é o Ministério Público, os advogados, a polícia, os juízes também, funcionários. Quando se pergunta ‘quem viola o segredo de justiça?’, deviam-se levantar todos”, revela.

Pinto Monteiro exerceu o cargo de PGR entre 9 de outubro de 2006 a 9 de outubro de 2012.

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