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Advogados criticam prisão preventiva dos suspeitos de agressões no Sporting

O advogado Nuno Rodrigues Nunes responsabilizou segunda-feira os jornalistas pela prisão preventiva dos 23 arguidos suspeitos de agressões a jogadores e treinadores do Sporting, acusando-os de terem montado “um circo desnecessário” em torno do caso.

“A forma como vocês [jornalistas] empolaram este assunto, não sei até que ponto não teve consequências. Estamos aqui a falar da verdade. A verdade não é a vossa verdade. Este caso não tem a gravidade que fizeram parecer ter. Vocês fizeram um circo à volta disto sem necessidade nenhuma”, acusou o advogado Nuno Rodrigues Nunes.

“Não era preciso este circo todo”, reiterou Nuno Rodrigueis Nunes, depois de considerar que foram os jornalistas que, ao empolarem o caso, contribuíram para o resultado final (prisão preventiva dos arguidos)”.

A advogada Maria João Mata também se mostrou revoltada com a medida de coação aplicada aos 23 arguidos, mas poupou os jornalistas e apontou ao tribunal.

“Estou chocada, indignada. Acreditava que existisse Justiça. Acho que é inacreditável com aquilo que consta no processo, com os indícios que ali estão, colocar todos os arguidos no mesmo saco. É indescritível o que foi feito ali. E mais chocada estou ao saber que, quando ainda estou na sala de audiências, ouvir um despacho quando os órgãos de comunicação social já sabem qual é a medida de coação.

A advogada disse achar impossível que “23 jovens daquela idade terem praticado todos os atos, terem sido os mesmos a praticar o crime de sequestro e outro tipo de crimes que estão elencados naquele despacho de promoção”, acrescentando que, na sua opinião, não estava preenchidos os pressupostos para o crime de terrorismo.

“Eu acredito que não, mas parece que é o que a sociedade quer. A mão [do Juiz de Instrução Criminal] foi muito pesada. Acho que não é assim que este país pode evoluir. Ainda acreditava que havia separação de poderes, acredito na justiça e hoje tive a maior desilusão que há muitos anos não tinha. Olhando para o processo e o que ali está, não pode dar este resultado, ser igual para 23 arguidos. É impossível”, acrescentou a advogada.

Questionada pelos jornalistas sobre a possibilidade de, durante a inquirição, alguma vez ter se ter falado do presidente do Sporting, Maria João Mata foi perentória, assegurando que nunca foi falado o nome de Bruno de Carvalho.

O juiz de instrução criminal do Tribunal do Barreiro decretou segunda-feira a medida de coação de prisão preventiva a todos os 23 arguidos detidos na sequência das agressões de terça-feira na Academia do Sporting, em Alcochete.

No comunicado divulgado às 20:15 de segunda-feira, a medida é justificada no facto de se manterem os pressupostos, “objetivos e subjetivos”, dos tipos de crimes imputados aos arguidos.

O tribunal refere que a medida foi tomada “tendo em conta que se verificam os pressupostos, objetivos e subjetivos, dos tipos de crimes que lhes são imputados e que se verificam ainda os perigos referidos nas alíneas a) a c) do artigo 204 do processo penal, perigo de fuga, perigo de perturbação do decurso do inquérito, nomeadamente para aquisição e conservação e veracidade da prova, de continuação da atividade criminosa, bem como de grave perturbação da ordem e tranquilidade públicas”.

A nota acrescenta: “Atendendo à natureza dos ilícitos em causa e à visibilidade social que a prática dos mesmos implica, considerando, principalmente, o aumento do número e da gravidade dos crimes e dos comportamentos associados ao fenómeno desportivo, foi aplicada, para além do Termo de Identidade e Residência, a medida de coação de prisão preventiva.”

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