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Acordo Ortográfico: dispenso

Acordo_Ortografico_Letras_900Sou contra este Acordo Ortográfico que entrou em vigor em toda a sua plenitude. Este acordo reside unicamente na teoria economicista e beneficia de todo o Brasil. Recuso-me a ser colonizado por um país que fomos nós que o descobrimos. Já me chega todos os dias levar com jogadores brasileiros, apresentadores brasileiros e gente a imitar os brasileiros.

Gosto muito do Brasil, da sua alegria, mas não aceito isto. Sou português, gosto muito da minha língua e recuso-me a escrever como não aprendi na escola. Há tantas coisas que se podem e deveriam mudar, não esta. Quando escrevo os meus textos vou colocar um asterisco no fim do texto a dizer “(*antigo acordo ortográfico)”.

A diversidade da nossa língua é uma mais-valia e enriquecimento cultural. Eu não tenho problemas em perceber o português dos brasileiros, angolanos, etc. Veja-se a beleza da língua espanhola quer em Espanha, quer em Cuba, quer na Venezuela, passando pelo Chile, etc.. Nunca houve uma imposição para todos esses países que falam espanhol.

Por mim, vou continuar a escrever baptizado com p, acção com dois c, etc.. Desculpem, recuso-me a descaracterizar-me e deixar de ser quem sou e o que me ensinaram. Esse manancial de vivências faz parte da minha vida intelectual e do meu enriquecimento humano.

O argumento para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa e para o seu prestígio internacional cai por terra. A língua inglesa que não tem qualquer acordo a regê-la, o inglês não precisa de unidade ortográfica para que as suas variantes: britânica, americana ou australiana sejam inteligíveis. A vivacidade do inglês está nas suas variantes e não haver regras rígidas.

Este acordo não serve para nada e cria conflito com a tradição ortográfica portuguesa desnecessariamente. Não se trata de medo da mudança ou conservadorismo trata-se, antes de mais, de respeito pela tradição ortográfica baseada na etimologia e na História da nossa língua. Os brasileiros vão fazer menos alterações do que os portugueses e somos nós que vamos aproximarmo-nos da escrita deles. Vão continuar a escrever cômico e não cómico, judô e não judo, etc.

Não aceito isso, não me podem obrigar a adoptar uma ortografia que não se justifica e não é uma necessidade premente. Podem ser simplificadoras mas não são uma necessidade de uso.

A ortografia é a parte mais artificial de uma língua e rege-se pela etimologia. Não vou escrever “ótima seleção”, mas sim “óptima selecção”. Não vou escrever “creem” mas sim “crêem”, heroico mas heróico, pera mas pêra, joia mas jóia. Vou usar sempre o hífen e escrever há-de e não ha de, anti-depressivo e não antidepressivo. Vou continuar a escrever sector e não setor , característica  e não caraterística Os meses do ano sempre com maiúscula, Janeiro e não janeiro , etc.

Desculpem sou português e defendo a minha língua e como me a ensinaram. Mudaram na secretaria algo que não serve para nada.

Esta unificação é ilusória. Quando se muda não quer dizer que se vá para melhor. Deixemos que a língua evolua naturalmente. Veja-se que estamos no euro mas continuamos muitos de nós ainda a falar em escudos, respeitemos o nosso passado.

O Governo de António Costa que já fez inúmeras alterações na educação deveria ponderar um recuo neste Acordo Ortográfico. Seria um acto de inteligência, de liberdade individual e de liberdade de escrita. E, o novo Presidente da República eleito defender a nossa língua.

Um episódio exemplar como nunca haverá unificação de coisa nenhuma. Um dia, em Portugal, o brasileiro Ruy Castro, autor do livro “Carnaval no Fogo”, disse à sua secretária : ‘Isabel, por favor, chame o bombeiro para consertar a descarga da privada’. Perante o espanto de Isabel, teve que ser ajudado por um amigo que fez a ‘tradução’: ‘Isabel, por favor, chame o canalizador para reparar o autoclismo da retrete’.

*escrevo ao abrigo do antigo AO

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