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Abrigo ilegal de Matosinhos: O que não veio nas redes sociais

lili da ana silva

No início desta semana, quando a GNR fechou “um abrigo ilegal de recolha de animais” em Matosinhos, as redes sociais explodiram em elogios às autoridades por terem apreendido os animais. Mas sabia que a responsável pelo abrigo é uma conhecida amantes dos animais?

Após uma denúncia anónima, a GNR deslocou-se até um terreno em Santa Cruz do Bispo (junto ao espaço de onde a Cãoviver foi ‘convidada’ a sair), em Matosinhos, e apreendeu 63 cães adultos, dos quais 10 de raças potencialmente perigosas, 13 crias, 29 gatos e dois coelhos.

Como o Comando Territorial do Porto da GNR enviou um comunicado à Lusa, a ação foi divulgada em praticamente todos os jornais e páginas de amantes dos animais. Tudo porque o abrigo foi classificado como “ilegal”.

Segundo a nota, a GNR deu “cumprimento a um mandado de busca e apreensão a umas instalações de um abrigo ilegal de recolha de animais”, o que levou muitas pessoas a criticar, nas redes sociais, a existência de tantos animais num abrigo não legalizado.

O que a GNR não divulgou é que Ana Silva, a responsável pelo abrigo e que foi constituída arguida, é uma jovem de 25 anos que muitos conheciam por ser uma protectora dos animais.

“Gente que foi sabendo do número de animais que Ana tinha e que amava docemente, cuidava, brincava e passeava, (não tinham camas de marca nem casotas xpto, porque a Ana não podia, pois tinha sempre centenas de quilos de ração para comprar, e despesas médicas para liquidar… mas estavam abrigados, cuidados e amados, isso eu garanto)… pois essa gente burra, egoísta e ignorante denunciou a Ana e esta semana a GNR levou os meninos para a morte certa, porque até raças perigosas a Ana acarinhava e educava, estavam completamente integradas”, reagiu Lina Carvalho, uma amante dos animais que é conhecida no meio por ser a gestora da página Labradores PT no Facebook.

Num testemunho emocionado, Lina Carvalho lembrou que “a Ana estuda veterinária” e que “devia ser um exemplo e não ser julgada por este ou aquele problema não resolvido”: “É uma excelente rapariga, educada e bem formada, uma rapariga nova que podia gastar o dinheiro dela em roupa, festas e passeios, mas não o fez, pois vivia literalmente para os seus meninos”.

Antes de tornar o perfil no Facebook como privado, face à exposição súbita de que foi alvo, Ana Silva chegou a partilhar um desabafo: “Em passos curtos, como que caminhando sem forças e arrastando-me, por aqui vagueio. Passando a mão por aquilo que outrora servia de abrigo, por aquilo que tanto sacrifício tive para ter, para erguer. Em busca de algo, de os sentir talvez, mas apenas existe o silêncio. Um silêncio frio, amargo e tão sufocante…”

Na fotografia está Lili, uma cadela recolhida que necessitou de cirurgia, a qual foi paga por esta jovem protetora (porteriormente, algumas madrinhas “ajudaram a liquidar” o pagamento).

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