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Abortou nas lamas de Mariana e exige que o feto seja reconhecido como vítima mortal

Uma mulher estava grávida de 3 meses quando foi apanhada pelas lamas de Mariana. Abortou e exige que o feto seja reconhecido como vítima mortal.

Fez no passado sábado um ano sobre o mais grave desastre ambiental do Brasil, quando uma barragem de mineração da Samarco rompeu e cerca de 60 milhões de metros cúbicos de lama foram despejados sobre a cidade de Mariana.

As consequências da tragédia continuam a ser apuradas e sabe-se agora que uma mulher, à data grávida de 3 meses, exige que o feto seja reconhecido como a 20.ª vítima mortal das lamas de Mariana, uma pretensão rejeitada pela Samarco.

Priscila Monteiro, de 28 anos, estava em Bento Rodrigues (uma pequena localidade junto a Mariana) quando foi apanhada pela torrente de lama.

“Pensa em milhões de trovoadas de uma vez: era o barulho da lama. As paredes da casa começaram a tombar em cima da gente”, contou a mulher, que estava grávida de 3 meses: “Veio a lama e arrancou o meu filho de 2 anos e a minha sobrinha dos meus braços. Foram os dois, dentro da lama. Eu afundei. Não via mais nada. Aí, senti a dor do aborto”.

“Perdi o meu bebé e fui arrastada pela lama. Eram ondas, eu afundava, cortava-me toda. Engoli muita lama. Furei o meu rosto e sofri cortes nas costelas, pernas, braços, nádegas. O meu maxilar saiu do lugar. A lama levou toda minha roupa”, acrescentou a mulher, numa entrevista à BBC Brasil.

O filho, Caíque, foi encontrado com vida, mas a sobrinha, de 5 anos, morreu. Priscila Monteiro ‘desaguou’ a mais de um quilómetro de distância e foi transportada para o hospital, onde ficou internada durante 13 dias.

Desde então que a mulher exige que o feto abortado seja reconhecido como a 20.ª vítima mortal do desastre de Mariana. Meio ano depois, fez exames médicos a pedido da Samarco, mas alegou que nunca teve conhecimento dos resultados: “Será que é por que eu tinha perdido o bebé?”

“A Samarco diz que o rebentamento da barragem não seria suficiente para ela perder o bebé”, acrescentou o advogado que representa a mulher.

A empresa, segundo a BBC, “não comentará o assunto”.

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