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A tertúlia pós-legislativa da esquerda

Texto: João Fortes

Apurados os resultados legislativos das eleições para a Assembleia da República realizados a dia 4 de outubro de 2015 os portugueses constataram o seguinte:

A coligação elegeu 104 deputados com dois milhões de votos; o PS garantiu a eleição de 85 deputados representando um aumento de 12 deputados face aos resultados de 2011, contudo foi o maior derrotado deste ato eleitoral.

O BE foi a grande surpresa, talvez por alguns aspectos meticulosos e bem trabalhados durante a sua campanha, e surge agora como a terceira força política em Portugal.

Por fim, a CDU que consegue mais um deputado foi superada pelo BE, um resultado que não era previsto pela coligação liderada por Jerónimo de Sousa mas que nas palavras deste representa uma grande expressão eleitoral e mobilização por uma política alternativa.

Após quatro anos de governação de desmembramento nacional como teima em reiterar é com perplexidade que dou conta que a CDU considera este um bom resultado, elegendo apenas mais um deputado. Ainda assim as minhas congratulações, uma excelente “vitória”.

Postulados estes resultados, observou-se que a coligação PàF obtém a vitória em termos de unidade partidária candidata.

No entanto é aqui que surge Costa, o bem-aventurado socialista que destitui António José Seguro da liderança do PS por corroborar que o mesmo venceu nas Europeias de 2014 com uma escassa margem sobre a então Aliança Portugal (PSD/CDS-PP).

Após um “modus operandi” de salvador da nação aquando da obtenção da liderança pelo partido, dizia-se que eram favas contadas para o PS. Contudo, Costa perdeu em toda a linha, num ato eleitoral que estaria fatidicamente destinado a um triunfo do PS. E perdeu com uma margem considerável.

Não quero irromper por uma tese de “cão danado” pelo poder, quero antes pensar que apenas se trata de uma questão de agenda politica por parte do PS mantendo uma espécie de “bluff”, pressionando assim a direita até existir uma coesão em certos pontos do programa.

Ainda assim, tenho receio do desespero cáustico de alguém cujo orgulho parece ter saído ferido e decidiu enveredar numa novela pós-eleições para provar que o partido vai sobreviver, assim como a sua linha de pensamento e liderança. Por quanto tempo, pergunto eu?

Sou céptico a qualquer tipo de união da esquerda, principalmente pela latente falta de homogeneidade entre PS e CDU/BE, isto porque no caminho existe uma variável que se entrepõe, a chamada Europa. Não acredito que exista acordo neste aspecto e que o PS subvalorize ideias contra a consolidação política e económica no quadro europeu.

Dizia Aristóteles que o maior castigo do mentiroso é não ser acreditado quando fala a verdade. Portanto, Costa, o navegador aventureiro, julga ter no papel uma fórmula mágica. Sem especulações, acredito que poderá conduzir o país para o abismo, além de danificar irremediavelmente a sua reputação.

Um pouco de ética e moralismo seriam suficientes para entender que existiu um vencedor, ainda que relativo, nestas legislativa, e que foi esse o caminho democrático que os portugueses uma vez mais elegeram para garantir a sustentabilidade de um país que merece tudo menos instabilidade política e disputas de poder infantis.

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