Hoje é dia

27 de julho, morre António de Oliveira Salazar, o pai do Estado Novo

Hoje assinala-se a morte de António de Oliveira Salazar, o antirrepublicano, que se revia no fascismo italiano e impôs um Estado corporativo e nacionalista, protegido pela polícia política Salazar caiu da cadeira, a 3 de agosto de 1968, e viria a morrer a 27 de julho de 1970.

António de Oliveira Salazar nasceu no Vimieiro, em Santa Comba Dão, a 28 de abril de 1889. Estudante e seminarista, desde cedo iniciou a sua luta contra os republicanos. E é precisamente em 1910 – ano da implantação da República – que se muda para Coimbra, onde se formaria em Direito.

Com a crise económica e a agitação política da Primeira República, a Ditadura Militar chamou Salazar, em 1926, para a pasta das Finanças, o que marca o início do seu percurso político. Exerceu o cargo durante poucos meses, mas voltaria a ser ministro das Finanças, entre 1928 e 1932.

Instituidor do Estado Novo (1933-1974) e da organização política que o suportava – a União Nacional –, António de Oliveira Salazar geriu os destinos de Portugal, como presidente do Conselho de Ministros, entre os anos de 1932 e 1968.

As ditaduras emergentes na Europa influenciaram Salazar, quer na vertente da propaganda, quer na repressão. Com a criação da Censura, o Estado Novo quis assegurar o domínio das massas.

Para o efeito, a polícia política – a PVDE, que viria a dar origem à PIDE, a partir de 1945 –, e a Legião Portuguesa combatiam os opositores, criando o delito de opinião, que importunava o regime.

A doutrina social de Salazar assentava na Igreja Católica e a sua política voltava-se para um corporativismo de Estado, de linha económica nacionalista, com protecionismo e isolacionismo de natureza fiscal, para Portugal e suas colónias.

Ideologicamente próximo do fascismo italiano, o regime de Salazar tentou distanciar-se dos movimentos nazis, que considerou ilegais. No entanto, deu instruções aos embaixadores para que limitassem a concessão de vistos a judeus que pretendiam fugir da França, entretanto invadida pela Alemanha. Aristides de Sousa Mendes não cumpriu essas ordens e salvou a vida a muitos judeus.

Salazar, com uma opção de isolacionismo internacional, sob o lema ‘Orgulhosamente Sós’, levou Portugal a sofrer consequências negativas, a nível cultural e económico. Defensor também de uma política colonialista, alimentou fileiras da Guerra Colonial, que se espalhou à Guiné e a Moçambique. Salazar queria segurar o império ultramarino, mas a Guerra Colonial teve como consequência milhares de vítimas.

O princípio do fim de António Oliveira Salazar dá-se a 3 de agosto de 1968, no Forte de Santo António, no Estoril. A queda de uma cadeira determina o seu afastamento do Governo.

Na noite de 6 de setembro, sai um carro de São Bento, com um médico. Salazar é internado no Hospital de São José e os clínicos apontam como diagnóstico um hematoma, ou uma trombose cerebral. É operado um dia depois e a 27 de setembro de 1968 deixa definitivamente o Governo.

O Presidente da República Américo Tomás chama Marcelo Caetano para substituir Salazar, ditador que viria a morrer em Lisboa, a 27 de julho de 1970.

Outros factos históricos são assinalados neste dia. A 27 de julho de 1890, Vincent Van Gogh, aos 37 anos, dispara sobre o seu peito, morrendo dois dias depois, nos braços do irmão. O pintor criou mais de 800 pinturas e uma centena de outras criações.

É também neste dia, em 1974, que a Câmara de Representantes dos EUA inicia um processo, mais tarde conhecido como ‘Watergate’, de “denúncia e repulsa” contra o presidente Nixon, acusado de corrupção e abuso de poder, num caso divulgado na imprensa, no jornal Washington Post.

Pouco mais de dois anos depois de conquistar a Liberdade, Portugal elege, a 27 de julho de 1976, o general Ramalho Eanes como Presidente da República, nas primeiras eleições após a Revolução do 25 de Abril e a promulgação da nova Constituição.

A 27 de julho de 1981, Inglaterra veste-se de gala para casamento do príncipe Charles, herdeiro da coroa britânica, com Diana Spencer, no primeiro grande capítulo do crescendo da popularidade da jovem princesa. A sua fama transformou Diana numa presa dos paparazzi, até à sua morte.

O Brasil aprova uma nova Constituição neste dia, em 1988, enquanto na Nigéria 42 militares são mortos, num golpe de Estado que fracassou, em 1990.

Nasceram a 27 de julho Johann Bernoulli, matemático suíço (1667), Alexandre Dumas Filho, escritor francês (1824), António José de Almeida, sexto presidente da República Portuguesa (1886), Francisco Prada Carrera, bispo brasileiro (1893), Igor Markevitch, músico russo (1912), Jean Baudrillard, sociólogo e escritor francês (1929) e Manuel Vázquez Montalbán, escritor espanhol (1939).

Morreram neste dia Gertrude Stein, escritora norte-americana (1946), António de Oliveira Salazar, ditador português (1970), William Wyler, realizador norte-americano (1981), Edite Soeiro, jornalista portuguesa (2009) e Helena Greco, política e ativista brasileira, defensora dos Direitos Humanos (2011).

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